Relações abaladas
Ministro avalia que tensão deve baixar com reforma ministerial
O ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, avaliou ontem que a tensão dentro da base aliada vai diminuir após as definições da reforma ministerial promovida pela presidente Dilma Rousseff. Alvo do chamado "blocão" instalado na Câmara dos Deputados, Carvalho foi convocado para prestar esclarecimentos sobre convênios de ONGs e a explicar o patrocínio do governo a um evento do MST.
Segundo o ministro, em meio às tensões na relação entre o Executivo e o Legislativo, o "que conta mesmo" é que o projeto do governo "está mudando o país". "Isso continua acontecendo, o resto tem um pouco de jogo de cena, um pouco do teatro político, que é natural", afirmou Carvalho, antes de participar do lançamento do edital do Programa de Fortalecimento e Ampliação das Redes de Agroecologia, Extrativismo e Produção Orgânica, no Palácio do Planalto.
"Na vida política a gente vai aprendendo que é natural que ocorram tensões, momentos mais fortes, mais difíceis, a gente tem de ter maturidade e serenidade, como a presidenta teve, para suportar as interpretações, as ondas e contra ondas e no final a gente acaba sempre se acertando", comentou.
Na contramão do movimento do presidente do PMDB-RJ, Jorge Picciani, em favor da candidatura do senador Aécio Neves (PSDB-MG) à Presidência da República, o governador Sérgio Cabral reiterou ontem o apoio à reeleição da presidente Dilma Rousseff e disse que o partido no Rio estará com a petista nas eleições deste ano. Setores nacionais do PMDB também defendem o rompimento da aliança com o PT.
"O PMDB do Rio é Dilma Rousseff e Michel Temer em 2014. Somos parceiros e não há nenhum tipo de empecilho. A política é feita de idas e vindas", afirmou Cabral, que participou ontem da inauguração de uma fábrica de cobre ao lado do vice-presidente Michel Temer, em Itatiaia, no Sul Fluminense.
Picciani trabalha pelo apoio a Aécio como represália ao fato de o PT ter lançado o senador Lindbergh Farias candidato ao governo do Rio. Coordenador da campanha do vice-governador Luiz Fernando Pezão ao Palácio Guanabara, Picciani tem dito que a convenção estadual do PMDB aprovará o apoio a Aécio. Cabral disse o contrário ontem: garantiu que, na convenção nacional, o diretório do Rio votará "majoritariamente" a favor da reedição da chapa Dilma-Temer.
"Estaremos juntos nas ruas, pedindo votos, e nada nos atrapalhará, apesar dos erros políticos cometidos circunstancialmente", declarou Cabral. "Compreendo meus companheiros do PMDB, que às vezes ficam chateados, entristecidos com a postura de companheiros do PT do Rio. Mas temos que superar isso porque estamos juntos há sete anos e três meses em uma parceria extraordinária para o Rio".
O governador criticou a saída antecipada do PT do governo estadual e o lançamento da candidatura de Lindbergh. "A população não vai compreender aqueles que saem do meu governo, faltando poucos meses para acabar, para falar mal".
Questionado se Dilma participará do palanque de Pezão, Cabral respondeu que só a presidente poderá falar, mas listou informou que a presidente irá ao Rio, em maio e junho, para inaugurações da fábrica da Nissan e do Arco Metropolitano. O governador vai transferir o cargo ao vice no dia 3 de abril e tem planos de se candidatar ao Senado.
PSC continua no bloco dos descontentes, diz líder
Em meio à debandada de alguns partidos da base aliada do "blocão" dos descontentes com a articulação política do governo Dilma Rousseff, o líder do PSC na Câmara, André Moura (SE), afirmou ontem que o partido "não vai recuar" e permanecerá fazendo parte do grupo.
"Temos uma posição firme e não temos que mudar nem recuar. Permanecemos no blocão e vamos nos manter na posição que adotamos", afirmou o deputado.
Após o PP, PDT e PROS anunciarem a debandada do grupo dos insatisfeitos com o Palácio do Planalto, ontem foi a vez do presidente nacional do PR, senador Alfredo Nascimento (AM), ir a campo contra a permanência do partido no bloco. O grupo, no entanto, ainda conta com os partidos da base aliada PMDB, PSC, PTB e um de oposição, o Solidariedade.
"O PR sai do blocão. Existia de fato uma insatisfação muito grande principalmente na Câmara dos Deputados. Mas tivemos reuniões de um grupo de deputados e mais o ministro (da Casa Civil) Mercadante. Todas as arestas não foram aparadas, mas algumas foram e acho que já tem condições de manter diálogo com o governo que estava muito ruim", afirmou Alfredo Nascimento.
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