O juiz Sergio Moro e os advogados do ex-presidente Lula voltaram a bater boca em audiência de testemunhas nesta segunda-feira (12) no processo em que o petista é acusado na Operação Lava Jato.
No ápice da discussão, o juiz gritou com o advogado Juarez Cirino dos Santos, um dos defensores de Lula no caso.
O debate ocorreu devido a uma pergunta feita pelo procurador Paulo Roberto Galvão de Carvalho para a testemunha Mariuza Aparecida da Silva Marques, engenheira civil da OAS que trabalhou no tríplex cuja propriedade o Ministério Público Federal (MPF) atribui a Lula como forma de pagamento de vantagens indevidas da empreiteira ao ex-presidente.
Galvão de Carvalho questionou Mariuza se, durante uma visita que a ex-primeira-dama realizou ao imóvel, Marisa Letícia foi tratada como possível compradora ou alguém a quem a propriedade já havia sido destinada.
Uma das advogadas de Lula, então, questionou Sergio Moro afirmando que a pergunta já havia sido feita e Mariuza havia respondido que Marisa e Lulinha eram potenciais clientes.
Moro rejeitou o protesto da defesa e pediu que não fossem feitas novas intervenções.
Após o procurador repetir a pergunta, Juarez Cirino do Santos voltou a protestar contra a pergunta e Moro afirmou que o advogado estava sendo inconveniente.
“Você não pode cassar a palavra da defesa”, respondeu Cirino.
“Posso, porque o senhor está sendo inconveniente”, disse Moro.
Segundo Cirino, o procurador estava pedindo a opinião da testemunha, não os fatos. Sergio Moro, então, levantou a voz.
“Doutor, está sendo inconveniente. Já foi indeferida sua questão. Já está registrada e o senhor respeite o juízo!”, gritou.
“Eu? Mas, escuta, eu não respeito Vossa Excelência enquanto Vossa Excelência não me respeita enquanto defensor do acusado. Vossa Excelência tem que me respeitar como defensor do acusado, aí então Vossa Excelência terá o respeito que é devido a Vossa Excelência. Mas se Vossa Excelência atua aqui como acusador principal, Vossa Excelência perde todo respeito”, respondeu o advogado.
“Sua questão já foi indeferida, o senhor não tem a palavra”, disse Moro, que novamente pediu para que a pergunta fosse feita.
Na resposta, Mariuza afirmou que Marisa e Lulinha foram tratados, na visita, como pessoas a quem o imóvel já estava destinado. Além de Mariuza, outras três testemunhas que participaram das reformas realizadas pela OAS no tríplex foram ouvidas nesta segunda-feira.