Dezenas de magistrados de vários estados brasileiros vieram a Curitiba neste fim de semana para participar de uma confraternização que tem como figura central o juiz Sergio Moro, da Operação Lava Jato. O principal ponto da programação foi a palestra ministrada por Moro na manhã deste sábado (18) no Tribunal do Júri de Curitiba. A reportagem apurou que estiveram presentes mais de 170 juízes de várias regiões do país, tanto da justiça federal quanto da estadual. Entretanto, não foi possível acompanhar a conversa – o convite era “exclusivamente para magistrados” e família.
Grupo secreto
O evento foi organizado pelo “Magistratura Free”, um grupo fechado e secreto criado no Facebook do qual participam mais de 2,6 mil juízes estaduais e federais. Conforme explicou um dos administradores do grupo, o juiz Rogério de Vidal Cunha, de Foz do Iguaçu, à Associação de Magistrados do Paraná (Amapar), o grupo foi criado para ser um espaço de debate “aberto e franco da magistratura, onde não há limitações de pauta ou de visões de mundo.”
A pauta, segundo o juiz Vitor Bizerra, do Tribunal de Justiça da Bahia, era livre: os magistrados puderam conversar com Moro sobre o processo da Lava Jato, os métodos de trabalho adotados pelo magistrado e os desafios da empreitada.
“O caso de Moro é emblemático porque a Lava Jato é muito grande, ganhou holofotes. Mas juízes de todas as comarcas enfrentam dificuldades semelhantes às dele. Nós sabemos que existe muita pressão, inclusive política. É indiscutível. Temos milhares de Moros no Brasil. O Moro conseguiu mostrar que essa pressão existe e conquistar apoio da sociedade à magistratura”, disse Bizerra, que vestia uma camiseta preta com os dizeres ‘Somos todos Moro’ e ‘Magistratura Free’.
Em relação às críticas à condução da Lava Jato e aos métodos aplicados por Moro, como os acordos de delação premiada, Bizerra destacou que magistrados normalmente “desagradam alguma das partes”. “O estado de direito garante algumas prerrogativas ao magistrado para que ele possa realizar seu trabalho. O juiz deve aplicar seu entendimento jurídico com liberdade. Claro que não está imune a erros, mas o próprio sistema judicial prevê a reforça de sentenças. O índice de reforma das decisões de Moro é baixíssimo, o que mostra que do ponto de vista jurídico ele tem acertado.”
Apoio e tietagem
A homenagem a Moro foi uma mobilização espontânea de alguns magistrados e não iniciativa de associações da magistratura. Muitos dos participantes da homenagem aderiram à campanha nacional “Eu honro minha toga – apoio incondicional ao trabalho do colega Sergio Moro”.
Durante o evento, vários juízes vestiam as camisetas pretas com a frase “Somos todos Moro” estampada. Bizerra confirmou o clima descontraído de tietagem, principalmente durante o jantar por adesão na noite de sexta-feira (17), no restaurante Madalosso. “Claro que houve tietagem e fotos. Houve euforia entre os colegas, mas não só por causa do Moro, mas porque foi um momento de encontro entre colegas.” O grupo Eu MORO com ele, criado no Facebook pela esposa do juiz, Rosangela, postou uma foto do jantar.
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