Responsável pelas investigações da Operação Lava Jato no Paraná, o juiz Sergio Moro informou ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que enviará qualquer dado que eventualmente confirme que propina do esquema de corrupção da Petrobras abasteceu campanhas eleitorais.
Desde outubro do ano passado, o juiz já enviou ao TSE, a pedido do próprio tribunal, uma série de documentos e provas da Lava Jato que foram anexadas em uma das quatro ações que pedem a cassação da presidente Dilma Rousseff e de seu vice, Michel Temer.
Ao repassar os desdobramentos da operação, Moro afirmou que “reputou-se comprovado o direcionamento de propinas acertadas no esquema criminoso da Petrobras para doações eleitorais registradas [na Justiça Eleitoral]”, disse o juiz, em despacho do dia 6 de outubro de 2015.
O juiz faz referência a uma ação penal, na qual forma foram condenados o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto e o ex-diretor da Petrobras Renato Duque, que é acusado de intermediar repasses para os petistas. A informação foi divulgada pelo site na revista “Veja”, neste domingo (14).
No despacho, Moro afirmou ainda que se novos elementos de irregularidades em doações eleitorais surgirem, repassará ao TSE.
“Além das ações penais, há diversas investigações em curso que eventual e incidentalmente poderão confirmar outros repasses de propinas a campanhas eleitorais. Caso algo da espécie seja constatado, encaminharei as informações pertinentes e esta Egrégia Corte Eleitoral”, afirmou.
Delatores
Moro recomendou ainda que o tribunal ouvisse para a instrução do processo delatores da Lava Jato que “declararam que parte dos recursos acertados no esquema criminoso da Petrobras era destinada a doações eleitorais registradas e não-registradas”.
Entre os nomes sugeridos por Moro estão o doleiro Alberto Youssef, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, e o dono da UTC, Ricardo Pessoa, apontado como chefe do cartel de empreiteira que teria atuado nos desvios da estatal.
Parte dos delatores já foi ouvida e não teria feito implicações diretas à presidente e seu vice. Pessoa foi chamado duas vezes e chegou a ficar em silêncio.
Em sua delação, Pessoa afirmou que, em 2014, foi persuadido pelo ministro Edinho Silva (Comunicação), então tesoureiro da campanha à reeleição de Dilma, a aumentar as doações. Ele disse que foram acertados R$ 10 milhões, mas foram pagos R$ 7,5 milhões porque ele acabou preso na Lava Jato. O ministro nega a acusação.
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