O pré-candidato do PSDB à Presidência, José Serra, voltou a criticar nesta segunda-feira (31) o descompasso entre as políticas cambial e monetária que, segundo ele, vem sendo mantido pelo governo. De acordo com Serra, em um eventual mandato tucano, haverá uma combinação favorável das duas variáveis macroeconômicas que passa, entre outras coisas, pelo entrosamento das equipes do Banco Central (BC) e do Ministério da Fazenda. A declaração de Serra transparece um tom de crítica às divergências conhecidas entre os pensamentos do BC e da Fazenda.

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O presidenciável do PSDB também criticou a política de investimentos governamentais, que segundo ele só não é menor que os investimentos feitos pelo governo da ex-república soviética do Usbequistão. De acordo com o tucano, para que o País chegue em 2040 entre as cinco economias mais fortes do planeta é preciso que o Produto Interno Bruto (PIB) cresça a uma taxa de 4,5% ao ano e de forma sustentada, com o investimento total do País ultrapassando 20% do PIB ante à taxa de pouco mais de 18% praticada atualmente.

Serra, no entanto, disse não ver problemas com a parcela de investimentos da iniciativa privada. "Não vejo problema com a área privada porque nesse setor há poupança e o que não é investido no setor produtivo acaba indo para o mercado financeiro ou para o exterior. Isso acontece por falta de planejamento e falta de estímulo ao investimento privado", criticou. O tucano citou como exemplo as concessões das rodovias federais Fernão Dias e Régis Bittencourt, que para ele continua sendo "a rodovia da morte". "Foram concessões federais que privilegiaram o preço, mas não privilegiaram o retorno do investidor", disse Serra, reafirmando que das dez melhores estradas do País todas estão em São Paulo.

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Educação - O tucano voltou a defender a extensão do Bolsa Família a estudantes de escola técnica de todo o País como forma de estimular a qualificação profissional. Perguntado como faria tal extensão, uma vez que em muitas partes do País não há escolas técnicas, Serra disse que uma das metas de um eventual novo governo tucano é ampliar a construção dessas escolas no Brasil. "E não são só escolas técnicas. Precisamos também construir escolas municipais e estaduais", defendeu.

Para ele, o Brasil tem dois bônus: o demográfico e o do petróleo do pré-sal. No caso do bônus demográfico, Serra disse que ele tem de ser bem aproveitado na questão da educação, já que no Brasil há mais pessoas em condições de trabalhar do que dependentes, como idosos e crianças. Nesse caso, de acordo com ele, os investimentos em educação poderiam ser feitos para melhorar a qualidade do ensino. A mesma tese foi defendida no começo da tarde pela pré-candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff. Quanto ao petróleo, o tucano afirmou que uma boa maneira de aproveitá-lo é colocando seus recursos em um fundo soberano, bem como usando os seus rendimentos para investimentos no crescimento e desenvolvimento do País.

Vice - Serra se recusou a falar sobre a indefinição de um nome para compor sua chapa como vice-presidente. "A questão do meu vice é mais uma ansiedade da imprensa do que minha, que sou o maior interessado", disse. De acordo com ele, até 12 de junho, data para qual está prevista a convenção do PSDB, haverá uma definição satisfatória sobre o nome que irá compor com o tucano a dobradinha eleitoral.

As declarações de Serra foram feitas durante a palestra "Brasil, quinta economia mundial. Como chegar até lá?", no "Fórum Exame - A construção da quinta maior economia do mundo", que aconteceu hoje em São Paulo.