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O ex-governador de São Paulo José Serra disse ontem, por meio de nota, que é um "fato gravíssimo" a informação, revelada pelo jornal O Estado de S. Paulo, de que a Polícia Federal (PF) grampeou o comitê eleitoral do PSDB no Acre durante a campanha eleitoral de 2010.

As escutas telefônicas a que o jornal teve acesso revelam conversas relativas à campanha do então candidato do PSDB ao governo estadual, Tião Bocalon, e conversas com a coordenação de campanha do então candidato José Serra, nome apresentado pelo PSDB para a sucessão presidencial no ano passado. "Um fato gravíssimo que precisa ser investigado a fundo", cobrou o ex-governador. "Acres­­centa-se a outros episódios da mesma natureza, como as quebras ilegais de sigilo fiscal na tentativa de usá-los como armas eleitorais", emendou.

A PF confirmou ontem que um telefone do comitê do PSDB no Acre foi grampeado porque, segundo o órgão, estava em nome da deputada Antônia Lúcia (PSC-AC), alvo de inquérito por fraude eleitoral. Em um dos diálogos, a que o jornal teve acesso, o secretário-geral do PSDB no Acre, Frank Lima, reclama a uma das coordenadoras nacionais da falta de material de campanha do então candidato à sucessão presidencial. Em 2009, um ano antes da campanha eleitoral, o sigilo fiscal da filha de José Serra, Verônica Serra, foi quebrado, bem como de lideranças do PSDB.

"A Polícia Federal terá que esclarecer o seu papel nesse episódio", disse o presidente do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE). O dirigente tucano afirmou que vai pedir esclarecimentos ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo.

As conversas relativas à deputada Antônia Lúcia foram consideradas ilegais e anuladas pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Acre, em julgamento ocorrido em 19 de outubro. "Não é possível a utilização de qualquer prova atinente às interceptações telefônicas existentes nos autos", afirmou o juiz Marcelo Bassetto em seu voto, acolhido à unanimidade pelos julgadores.

A PF informou que todas as conversas que não tinham relação com o crime investigado foram excluídas do relatório final do inquérito, mas não podiam ser eliminadas dos autos. A lei prevê que todas as interceptações sejam preservadas, mesmo as imprestáveis, para investigações futuras em caso de abuso dos policiais.

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