O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), criticou as tarifas alfandegárias impostas pelos Estados Unidos ao etanol brasileiro e disse nesta quarta-feira (7) que se tiver oportunidade de falar vai transmitir essas preocupações diretamente ao presidente dos Estados Unidos, George W. Bush. Serra é convidado para um almoço na sexta-feira (9) em São Paulo entre Bush e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

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"A agenda é do presidente da República e, se for chamado a falar, falarei. A questão básica do etanol neste momento são as tarifas sobre o etanol. Os Estados Unidos pregam o livre comércio, mas quando é da sua conveniência eles deixam o livre comércio de lado", disse Serra.

De acordo com o governador, os Estados Unidos cobram US$ 0,54 em impostos sobre cada galão de etanol que compram do Brasil. Além disso, dão subsídios quase no mesmo valor aos produtores locais. "É US$ 1,08 de protecionismo. Isso prejudica o consumidor norte-americano que poderia pagar mais barato. O Brasil e outros países perdem a oportunidade de fazer valer a lei das vantagens comparativas, que estão associadas à idéia de livre comércio", disse Serra.

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Apesar do discurso, Serra anunciou a criação de uma comissão para apresentar planos em relação à produção de energia renovável em São Paulo. Uma pesquisa da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) vai consumir R$ 100 milhões em recursos públicos e privados para descobrir variantes mais produtivas do etanol.

Na segunda-feira (5), o presidente Lula criticou os subsídios norte-americanos na agricultura durante o programa Café com o Presidente. "Na própria discussão na OMC, a acusação que se faz aos Estados Unidos é que os Estados Unidos têm subsídio muito forte para a sua agricultura. Então, o que nós estamos pedindo é que os Estados Unidos deixem de dar o subsídio que dão hoje."

O presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Eduardo Pereira de Carvalho, cobrou do presidente Lula a discussão com os Estados Unidos sobre a redução da tarifa de importação do etanol.

O estado de São Paulo é o maior produtor de cana-de-açúcar do país, com mais de 4 bilhões de litros e mais de 60% da produção nacional, de acordo com o governador.

Serra afirmou que as pesquisas têm objetivo de evitar que o estado de transforme em uma grande plantação de cana. "Não queremos São Paulo preso na monocultura. É inevitável a expansão da cana, mas nós queremos que isso se traduza também em mais empregos. A cana não gera empregos de classe média. Ela em si não gera desenvolvimento. O nosso ideal é aproveitar os efeitos para adiante da produção do etanol como é o caso da álcool-química. R$ 100 milhões é pouco quando se olha o que é feito nos Estados Unidos", disse.

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"Nós queremos que a cana se espalhe por outros estados", disse Serra. Ele prefero agora que São Paulo expanda a produtividade da área instalada e que a cana possa se disseminar por Mato Grosso, Minas Gerais, Goiás. Segundo o governador, são estados onde a cana pode ser muito produtiva e onde o arrendamento da terra equivale a um terço do arrendamento em São Paulo. "Estamos dispostos inclusive a dar assitência técnica aos outros estados nesta direção. Não queremos ter o monopólio, até porque ele não convém", disse Serra.

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