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Serra e Dilma: fugindo de temas sobre o Irã  e a Venezuela | Paulo Whitaker/Reuters
Serra e Dilma: fugindo de temas sobre o Irã e a Venezuela| Foto: Paulo Whitaker/Reuters

Relações externas - Confira a posição do PT e PSDB sobre assuntos internacionais polêmicos:

PSDB

IRÃ - Manter acordo comerciais, mas não interferir na negociação nuclear.

MERCOSUL – Deve ser o foco comercial, mas tem de ser flexibilizado.

VENEZUELA – Manter acordo comerciais sem se envolver nos assuntos internos do governo Chávez.

HONDURAS – Apoiar o presidente eleito após golpe.

PT

IRà – Defende o protagonismo do Brasil em mediações internacionais.

MERCOSUL – Defende negociações em bloco e diversificação da pauta externa

VENEZUELA – Mantém diálogo com Chávez e defende Venezuela no Mercosul.

HONDURAS –Sua posição é de não manter relações diplomáticas.

São Paulo - A política externa brasileira, área que talvez mais distanciou os governos de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Fer­­nando Henrique Cardoso (PSDB), caminha para o que parece ser uma convergência de ideias sob os pupilos José Serra e Dilma Rousseff, pelo menos em tempos de pré-campanha.

Até mesmo nas relações mais espinhosas, como com o Irã e a Venezuela, assuntos que estiveram em pauta durante a semana, os pré-candidatos evitaram o embate. Enquanto Dilma tenta ganhar luz própria, diante da alta popularidade de Lula, Serra tem tido o cuidado de não fazer críticas diretas ao presidente.

Questionado por repórteres, o tucano preferiu não comentar a política externa brasileira mesmo diante do possível fracasso no acordo com o Irã, que o chanceler Celso Amorim tenta agora salvar fazendo lobby com os membros do Conselho de Segurança para que adiem o acordo sobre sanções contra o país.

De um lado e de outro, ten­­­ta-se evitar o desgaste político com a aproximação de uma eleição presidencial ainda altamente indefinida.

Venezuela

Serra também baixou o tom sobre a relação com Hugo Chávez, antes alvo de suas mais acaloradas críticas contra o governo Lula. Em entrevista à rádio CBN, o pré-candidato tucano fez questão de lembrar que o presidente venezuelano também "elogiava o relacionamento com o Brasil na época de FHC", embora "a ligação não fosse tão estreita".

Serra defendeu ainda manter acordos comerciais com a Venezuela, apesar de já ter se declarado anteriormente contra a entrada do país no Mercosul.

"José Serra está calculando muito bem o que fala porque, candidato a presidente pós-Lula, o que o tucano menos quer é ter uma posição contra o governo petista", avalia o cientista político e professor da Fundação Getulio Vargas (FGV) Marco Antonio Car­­valho Teixeira. "O que está por trás disso é a alta popularidade do presidente Lula", diz ele.

Dilma, por outro lado, conhece bem a fama do presidente venezuelano em setores onde busca apoio político. Diante da pergunta sobre o que achava de Chávez, durante participação no programa do apresentador Ratinho, no SBT, a pré-candidata disse ser apenas "um dos presidentes da América Latina com quem temos de lidar".

"E em uma eleição acirrada como essa, ninguém quer arriscar perder votos", avalia o cientista político. "Dilma sabe que Chávez não é bem visto e tenta mostrar-se menos próxima a ele. Serra sabe que Lula é altamente popular e evita bater de frente com o governo. Por isso preferiu não comentar o acordo nuclear com o Irã e tem até elogiado algumas políticas do presidente."

O especialista vê no discurso brando do pré-candidato da oposição e no pragmatismo da governista uma estratégia de campanha, mais do que o alinhamento entre os planos de governo. "O que temos é um PSDB crítico, mas um Serra mais condescendente", analisa. "Um governo do PT altamente popular e uma Dilma que tenta ser pragmática nas questões mais polêmicas, em busca de luz própria."

Nos bastidores, PT e PSDB trabalham para catapultar a própria campanha e neutralizar a do adversário, minimizando os efeitos sobre os pré-candidatos. Pelo menos em fase de pré-candidatura, as discussões têm se concentrado entre partidos e mais em Lula e FHC do que em Dilma e Serra.

Os petistas defendem os benefícios da política externa de Lula para a economia. O Brasil tem na Venezuela o maior saldo comercial – US$ 4,6 bilhões, 2,5 vezes superior ao obtido com os Estados Unidos (US$ 1,8 bilhão).

A diversificação da pauta, além de aumento da projeção internacional, foi a justificativa da aproximação maior com o Irã e da tentativa de se envolver na mediação entre Israel e Palestina, que protagonizam o principal impasse para a paz no conturbado Oriente Médio.

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