Em discurso que fará nesta terça-feira no plenário, o senador tucano Eduardo Azeredo (PSDB-MG) vai anunciar seu afastamento da presidência do partido.

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Azeredo participou de uma reunião mais cedo no gabinete do senador Tasso Jereissati (CE) em que os colegas o aconselharam a deixar a presidência para ter tempo de concluir sua defesa contra as denúncias de que saldou dívidas de campanha com dinheiro do empresário Marcos Valério. Azeredo, confirmou, no sábado, ter recebido em 2002 um cheque de R$ 700 mil de Valério.

O prefeito de São Paulo, José Serra, vai reassumir a presidência do PSDB até o dia 18 de novembro, quando passará o comando a Jereissati. No período em que ficará na presidência do partido, Serra não terá atuação política.

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Segundo Azeredo, o dinheiro de Valério teria sido para quitar despesas com aluguéis de carros usados na sua campanha de reeleição ao governo de Minas Gerais, em 1998. As dívidas eram cobradas na Justiça pelo ex-coordenador da campanha, Cláudio Mourão.

À revista 'IstoÉ', o senador explicou que o documento foi usado como garantia e o valor, devolvido ao empresário dias depois. Na época, o então vice-governador de Minas e hoje ministro do Turismo, Walfrido Mares Guia, fez um empréstimo no Banco Rural para saldar o débito. Azeredo voltou a negar que soubesse da existência de caixa dois:

- Foi uma pendência da campanha. Como não havia autorizado, não quis pagar, mas fizemos um acordo. Foi esse o cheque dado em garantia por Valério. Depois, foi feito um empréstimo no Banco Rural, em nome de Walfrido Mares Guia, com meu aval. A dívida foi paga.

Nesta terça-feira, o senador divulgou nota dizendo que só tomou conhecimento dos empréstimos em 1999, e que não reconheceu as dívidas.

"Reafirmo que, na condição de candidato à reeleição para o governo do estado em 1998, dediquei-me apenas à ação político-eleitoral e, simultaneamente, à administração do estado. Só por má-fé ou hipocrisia desconhece-se que assim ocorre praticamente em todas as candidaturas majoritárias e que as demais atividades da campanha são geridas por coordenadores de áreas. Por isso, reitero, não tive conhecimento prévio nem autorizei nenhum empréstimo para cobrir despesas da campanha realizadas com autonomia pelo coordenador da área respectiva", afirma.

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Em depoimento na CPI dos Correios, no dia 19 deste mês, Mourão admitiu ter recebido R$ 11 milhões de Valério. Ele confirmou a existência de caixa 2 na campanha tucana, que segundo ele custou R$ 20 milhões. Apenas R$ 8,5 milhões foram declarados à Justiça eleitoral.

- Não foi escriturada essa diferença porque havia expectativa de recebimento de dinheiro oficial e não se concretizou - disse Mourão, acrescentando que conseguiu os empréstimos com Valério porque era secretário de Administração do governo, sendo, portanto, uma pessoa de confiança do governador.

Depois da campanha, porém, Mourão teria informado a Azeredo, que devia R$ 10 milhões. Azeredo, segundo o ex-tesoureiro, não aceitou a dívida de caixa dois e ela não foi paga.

No depoimento, Mourão revelou ainda que recursos de empréstimos do empresário Marcos Valério foram repassados a pessoas envolvidas com as campanhas do PSDB, PTB e PFL - partidos da coligação que apoiavam Azeredo. A maioria dos beneficiários, segundo ele, não era composta de candidatos e os repasses eram feitos por meio de transferências bancárias.

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