O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), principal pré-candidato da oposição à Presidência da República, aproveitou-se da indecisão do governo federal sobre assuntos ambientais para pôr a pré-candidata petista, a ministra Dilma Rousseff, contra a parede. Ontem, Serra sancionou a lei paulista que cria uma meta estadual específica e obrigatória de redução de emissões de gás carbônico.
O porcentual definido foi de diminuição de 20% nas emissões no estado até 2020, em relação a 2005 o que significa emitir 24 bilhões de toneladas de gás carbônico a menos do que em 2005.
Questionado se julgava ambiciosa a possível meta federal de 40%, Serra respondeu: "Não, especialmente porque ela leva em conta a desaceleração da emissão, o que é muito diferente de uma redução absoluta". O governador tentou explicar que, embora o porcentual da meta paulista seja mais baixo que o da federal, a redução efetiva seria maior em São Paulo. "É muito importante que não se faça confusão, como tanta coisa que se confunde no nosso país."
O secretário paulista do Meio Ambiente, Xico Graziano, deu ênfase à comparação. "Nossos 20% vão muito além dos 40% que o Brasil pode decidir adotar", afirmou. "Falta coragem ao governo federal para agir com a mesma altivez do governo de São Paulo." Para Graziano, o governo Lula está sendo "conservador" em relação à fixação da meta ambiental. "A política hoje se divide entre aqueles que topam a agenda ambiental e aqueles que a temem, os progressistas e os conservadores." As declarações tanto de Serra quanto de Graziano foram dadas antes da divulgação da informação de que a meta do governo federal não será obrigatória.
Vantagem ao tucano
A definição de uma meta clara e obrigatória pelo governador paulista pode se transformar em uma vantagem para ele durante a campanha presidencial de 2010 em relação à ministra Dilma Rousseff, pré-candidata do PT à Presidência.
Imagem verde
Dilma deverá chefiar a delegação brasileira que irá a Copenhague (Dinamarca) para participar da conferência da ONU sobre mudanças climáticas, em dezembro. O objetivo do governo em colocá-la na chefia da missão é tentar criar uma imagem de que Dilma se preocupa com o meio ambiente pois ela sempre foi vista como uma "desenvolvimentista", para quem o crescimento do país importa mais do que a conservação da natureza.Um possível fracasso da reunião da ONU, porém, pode causar efeito contrário ao desejado para Dilma. Se o Brasil for acusado de bloquear avanços nas negociações internacionais para reduzir a emissão de gases provocadores do efeito estufa, a ministra poderia ficar com imagem de inimiga do meio ambiente.
* * * * *
Interatividade: É melhor reduzir obrigatoriamente 20% das emissões de gases do efeito estufa ou buscar uma diminuição de 40% sem compromisso?
Escreva para leitor@gazetadopovo.com.br
As cartas selecionadas serão publicadas na Coluna do Leitor.
Ação do Psol no STF pode fazer preço dos alimentos subir ainda mais
Aluno expulso do curso de Direito da USP se pronuncia: “perseguição política”
“Pena Justa”: as polêmicas do programa de segurança do governo federal. Ouça o 15 Minutos
“Algoritmos são direcionados ideologicamente para doutrinar pessoas”, diz Moraes em aula na USP