Pressionado pelo DEM e por setores do PSDB preocupados com a antecipação da corrida eleitoral, o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), preferiu minimizar a capacidade eleitoral da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, candidata do Planalto à Presidência.
Na presença da cúpula do PSDB, incluindo o governador mineiro Aécio Neves, Serra desdenhou do que seria a maior virtude eleitoral de Dilma - a de beneficiária direta da popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de seu estoque de votos.
"O Brasil não se transformou em capitania hereditária. O povo sabe escolher o seu destino", afirmou Serra, num encontro do PSDB em Goiânia. No século XVI, o rei de Portugal D. João III dividiu as terras brasileiras em faixas, denominadas Capitanias Hereditárias. Em troca de administrá-las e protegê-las, os donos podiam explorar suas riquezas e transmitir a propriedade desses territórios aos seus descendentes.
Serra tentou comparar isso com a convicção de petistas de que Lula poderá transmitir sua alta popularidade à candidatura de Dilma. Na semana passada, Dilma foi ciceroneada por Lula em palanques e comícios pelo Nordeste durante três dias de visita às obras de transposição do Rio São Francisco. A caravana, segundo a oposição, conteve todos os elementos de uma campanha eleitoral antecipada.
"O presidente Lula tem todo o direito de apoiar um candidato, de fazê-lo. Mas não vivemos num regime de capitania hereditária em que o presidente apoia e automaticamente o candidato está consagrado. O presidente não pode fazer uma nomeação", ressaltou. A declaração do governador foi dada em discurso aos militantes tucanos e, depois, repetida aos jornalistas.
Ao lado de Aécio, com quem disputa a vaga de candidato presidencial do PSDB, Serra ouviu apelos de tucanos a favor de agilidade na escolha do nome da legenda que disputará à sucessão de Lula. "Nós esperamos uma decisão rápida, até janeiro", afirmou, por exemplo, em discurso o senador Marconi Perillo (GO).
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