O pré-candidato do PSDB à Presidência, José Serra, afirmou nesta segunda que, se eleito, promoverá um ajuste fiscal nas contas do País a partir do corte de gastos do governo federal. Crítico das taxas de juros praticadas no Brasil, o tucano disse que qualquer mudança na política econômica será feita com "muita responsabilidade". "Eu ajudei a erguer a mesa. Não vou derrubá-la", disse, em referência à sua participação na área econômica do governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB). As afirmações foram feitas na manhã desta segunda em entrevista de duas horas e vinte minutos à Rádio Jovem Pan AM, em São Paulo.
Serra disse acompanhar com atenção os gastos federais. "Tenho certeza que, chegando lá, vamos fazer um diagnóstico e arrumar a questão fiscal, arrumar a casa do ponto de vista das contas", prometeu. "Os juros são muito altos, o câmbio não é bom. As mudanças aí têm de ser responsáveis, bem-feitas, pontuais, pensando sempre na questão fiscal, do déficit do governo. Quanto maior é o déficit, mais ele ajuda os juros a serem altos." O tucano disse ter experiência em reorganizar finanças públicas, pois fez isso como secretário da gestão de Franco Montoro, em São Paulo, e como prefeito da capital paulista.
Para o presidenciável, "uma das coisas boas" da gestão de Luiz Inácio Lula da Silva foi ter mantido a política econômica de FHC. "Quem fez câmbio flutuante, responsabilidade fiscal e metas de inflação foi o governo passado. O governo Lula herdou do governo Fernando Henrique. Herdou e manteve", disse Serra. "Nos primeiros anos, a política econômico-financeira do governo Lula foi a do governo anterior. Fez bem."
O presidenciável disse não planejar a privatização de empresas estatais em seu eventual governo e cutucou Lula: "Quem era contra a privatização teve oito anos para mudar tudo. Ninguém mudou nada." Para Serra, "o que tinha de ser privatizado, já foi", como siderurgia, petroquímica e telecomunicações. Ele afirmou ainda que não pretende privatizar o Banco do Brasil, a Caixa ou o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), mas fortalecê-los, para usá-los como "instrumentos de política econômica". "É impossível fazer política de crédito agrícola sem o BB ou política habitacional sem a Caixa."
O pré-candidato criticou a estrutura aeroportuária e colocou a questão como um gargalo para o desenvolvimento do País. Ele citou como situação crítica os aeroportos de Viracopos (SP), Cumbica (SP) e Confins (MG) e classificou a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) como "não eficiente". Apesar disso, Serra afirmou que, se eleito, não privatizará a empresa, mas apostará em concessões de aeroportos.
Em relação à política comercial externa do País, Serra defendeu medidas para aumentar as exportações, por meio de melhorias na infraestrutura e de uma política comercial mais "agressiva". "Nos últimos anos, foram assinados cem tratados de livre comércio entre nações. Sabe quantos feitos pelo Brasil? Um."
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