O ex-governador tucano José Serra reuniu-se em um jantar político com senadores de cinco partidos da oposição e da base do governo na noite de quarta-feira (23), em Brasília. Dispostos a se aproximar da oposição para reduzir o desequilíbrio de forças no Senado, quatro senadores independentes e descontentes do PMDB e do PDT aceitaram convite de Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) para debater a conjuntura com o presidenciável do PSDB.
Embora o tema central da conversa tenha sido "o governo sem norte, sem o estepe chamado Lula, com problemas de corrupção endêmica e perspectivas econômicas sombrias", Serra acabou tendo que responder à curiosidade dos presentes sobre a sucessão na Prefeitura de São Paulo. Serra disse que ainda é cedo para previsões sobre a disputa paulistana, mas não descartou sua candidatura, como costuma fazer de maneira enfática.
"Se você fosse candidato, você ganharia", palpitou o senador Pedro Taques (PDT-MT). "É possível", respondeu o tucano, colocando um ponto final no assunto. Todos os convidados, entre os quais Randolfe Rodrigues (PSOL-AC) e os peemedebistas Waldemir Moka (MS) e Cassildo Maldaner (SC), foram previamente avisados da presença do presidenciável tucano.
O que mais entusiasmou o presidente nacional do DEM, senador José Agripino (RN), foi a disposição dos senadores da base governista de estreitar o diálogo com a oposição. "A proposta é o exercício da convivência permanente para fazer o equilíbrio de forças no Senado", resumiu Agripino, lembrando que a oposição soma apenas 17 dos 81 senadores.
O segundo pedetista presente à reunião foi Cristovam Buarque (DF), que, assim como Taques, declara-se desconfortável com as denúncias de corrupção no Ministério do Trabalho e com a presença do ministro Carlos Lupi no governo. "Eu fui (ao jantar) não apenas sabendo que Serra estaria lá, mas pela oportunidade de trocar ideias com um candidato a presidente de 44 milhões de votos, e não como eu, que só tive 2,5 milhões de votos", contou o Cristovam.
Em meio ao bate-papo informal, Cristovam advertiu Serra de que o próximo candidato a presidente não poderá ser de um partido apenas, mas de um movimento amplo, tal como o foi Marina Silva, que disputou pelo PV e hoje está sem partido. "Se você vier sem um movimento que se incorpore, dando suporte, não vai trazer a novidade que o Brasil quer e não chegará a lugar nenhum", opinou o pedetista.
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