Relator à época da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Correios, o deputado federal paranaense Osmar Serraglio (PMDB) aponta que os indícios de caixa 2 para beneficiar o PT no atual escândalo da Petrobras são o elo “mais perigoso” do caso com o mensalão. Segundo ele, uma comprovação de que recursos desviados da estatal foram usados na campanha eleitoral de Dilma Rousseff (PT) em 2014 podem abrir as portas de um processo de impeachment contra a presidente.
O peemedebista faz ainda uma comparação entre o episódio e a discussão sobre o doping do lutador do UFC Anderson Silva.
O fato é que, se ficar comprovado que houve caixa 2 com dinheiro da Petrobras, a disputa eleitoral foi ilegítima.
“Falar sobre impeachment, nessas circunstâncias, não é falar sobre terceiro turno”, afirma o parlamentar. “O fato é que, se ficar comprovado que houve caixa 2 com dinheiro da Petrobras, a disputa eleitoral foi ilegítima. É como o caso do doping do Anderson Silva, ninguém está querendo uma nova luta, quer saber se ele realmente teve uma vantagem indevida lutando dopado.”
Em 2005, durante a CPI dos Correios, uma das principais linhas de defesa dos petistas investigados pela comissão era de que o dinheiro do esquema era de caixa 2 de campanha, tentando manter o episódio na esfera do Direito Eleitoral. “Já era algo arriscado naquela época, agora ficou ainda mais.”
Segundo reportagem da revista Veja publicada no fim de semana, o dono da construtora UTC, Ricardo Pessoa, preso há três meses na sede da Polícia Federal em Curitiba, estaria negociando uma delação premiada na qual informaria detalhes sobre o repasse de R$ 30 milhões que teriam sido desviados da Petrobras para abastecer campanhas de candidatos do PT no ano passado. Também há relatos nas investigações da Operação Lava Jato de que empresas beneficiadas com o esquema teriam repassado recursos a partidos por meio de doações legais.
CPI da Petrobras
Na semana passada, o nome de Serraglio passou a ser cotado para assumir a relatoria da CPI da Petrobras, que será instalada na quinta-feira (26). A indicação do paranaense seria uma das bandeiras de Lúcio Vieira Lima (BA), deputado que disputou a liderança da bancada do PMDB na Câmara com Leonardo Picciani (RJ). Como Vieira Lima perdeu a eleição interna (por 33 votos a 34), Serraglio perdeu espaço.
A indicação era defendida principalmente por uma ala de deputados peemedebistas que prega o afastamento do PT – os dois partidos estão juntos na chapa presidencial desde 2010. Serraglio seria uma forma de mostrar que o PMDB levaria a fundo as investigações. Por uma manobra que passou pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a legenda acabou ficando apenas com a presidência da CPI, enquanto a relatoria coube ao PT.