O deputado federal pelo Paraná Osmar Serraglio (PMDB) encerrou a reunião da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) antes mesmo do início da “ordem do dia” no plenário da Câmara dos Deputados, o que gerou revolta entre membros do colegiado que tentavam votar ainda nesta quarta-feira (13) o recurso de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) contra o parecer do Conselho de Ética que recomenda sua cassação.
Com o encerramento da reunião, Serraglio deu mais tempo para Cunha, que prefere ver seu recurso se arrastar na Casa, adiando a possibilidade de ter seu mandato cassado.
Uma nova reunião da CCJ foi marcada para quinta-feira (14), mas parlamentares temem que não haja quórum, já que a sessão plenária desta quarta, em função da eleição do presidente da Casa, promete seguir até de madrugada. E a quinta-feira é praticamente o último dia de trabalho antes do recesso branco.
Serraglio encerrou a CCJ depois de ser avisado que Waldyr Maranhão (PP-MA) havia novamente mudado de ideia sobre o início da ordem do dia no plenário da Casa – primeiro às 16h, depois às 19h, depois 17h30 e, por fim, às 19h novamente.
Pela regra, nenhuma comissão interna da Casa pode funcionar concomitantemente à ordem do dia. Nos bastidores, corre que Maranhão tentava ajustar o horário da abertura da ordem do dia para dar tempo para a CCJ votar o recurso de Cunha. Serraglio se irritou com o que classificou de “clara manipulação” e encerrou a reunião.
A decisão de Serraglio foi interpretada como uma manobra para beneficiar Cunha e membros do colegiado presidido pelo peemedebista protestaram com gritos de “vergonha” e “quero votar”. Em meio aos protestos, Serraglio resolveu sair da sala da CCJ, sem falar com a imprensa.
“Dava tempo para votar com absoluta certeza. O presidente da CCJ sabia disso. E, no entanto, ele preferiu adiar para amanhã, atendendo ao desejo do representado [Cunha] e contrariando os interesses de todo o povo brasileiro. Nós repudiamos mais esta manobra”, criticou o líder da Rede-RJ, Alessandro Molon.