Brasília (Folhapress) O relator da CPI dos Correios, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), decidiu ontem indicar, mesmo sem ouvir a defesa dos envolvidos, que houve quebra de decoro de todos os 18 deputados que constarão da lista de nomes que sacaram recursos das contas do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza.
Um dia após afirmar que pouparia os deputados Sandro Mabel (PL-GO) e Pedro Henry (PP-MT) em seu parecer sobre o envolvimento de parlamentares no esquema do mensalão, Serraglio recuou e decidiu incluí-los entre os casos passíveis de cassação de mandato, mesmo tendo afirmado que não há evidências contra eles.
"Eu preferi uniformizar, não tem sicrano nem fulano, vai todo mundo para o Conselho de Ética. Em relação a eles a prova é muito frágil, só tem o (deputado) Roberto Jefferson (PTB-RJ) falando, mas e se ele está falando a verdade? Se eu separá-los, vou estar fazendo um juízo de valor", disse Serraglio, que apresenta o relatório parcial hoje com o nome de 18 parlamentares que teriam quebrado o decoro parlamentar.
O temor do deputado era que, ao amenizar o caso dos dois, sua atitude fosse interpretada como uma espécie de "acordão" pela opinião pública para poupá-los. A decisão também aumentaria a pressão dos demais deputados citados no documento para serem colocados na mesma classificação.
Serraglio afirmou na terça-feira que não tem provas de que Henry e Mabel foram beneficiados com saques das contas do publicitário Marcos Valério de Souza. Ele foi suscetível, no entanto, à crítica de que estaria "flexibilizando a ética".
"Temos evidências de que alguns estão muito comprometidos e outros não. O Sandro Mabel está nesse limiar, embora o Roberto Jefferson tenha feito acusações contra ele. O Pedro Henry é da mesma forma", havia dito ele na terça-feira.
Serraglio apresenta hoje, em sessão conjunta das CPIs dos Correios e do Mensalão, um relatório parcial indicando 18 deputados que teriam quebrado o decoro parlamentar. O documento também será assinado pelo relator da CPI do Mensalão, deputado Ibrahim Abi-Ackel (PP-MG).
"Todos eles de alguma forma quebraram o decoro, e aí o Conselho de Ética vai avaliar se as provas são suficientes ou não", disse Serraglio. Se o relatório for aprovado pelo plenário das CPIs será encaminhado para o presidente da Câmara dos Deputados, Severino Cavalcanti (PP-PE).
A proposta de um relatório conjunto foi feita pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), como forma de tentar encerrar a disputa entre as duas comissões, o que ameaçava prejudicar as investigações. Os integrantes da CPI do Mensalão acusavam os dos Correios de estarem invadindo a competência deles.
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