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Antes mesmo de começar a ler seu relatório na CPI dos Correios, o deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR) adiantou que pedirá o indiciamento do senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), do ex-deputado e ex-ministro José Dirceu, do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, do empresário Marcos Valério e do ex-ministro da Secretaria de Comunicação e Gestão Estratégica Luiz Gushiken. Ele também disse que citará o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no relatório final da comissão. No total, o relator deve pedir o indiciamento de cerca de 130 pessoas, incluindo os 19 deputados e ex-deputados federais acusados de envolvimento com o mensalão.

- Por mais que os deputados tenham sido absolvidos no plenário da Câmara, lá houve um julgamento político. É fato comprovado que houve utilização de caixa dois e ocorrência de crime eleitoral - disse Serraglio.

O texto relata a forma como é feita a publicidade de órgãos estatais e trata de contratos sob suspeita com os Correios, como a Rede Postal Noturna, o Correio Híbrido Postal e os contratos de franquias. No segundo volume, há um capítulo especial sobre o valerioduto, outro sobre o mensalão, intitulado "Mensalão, uma realidade" e outro sobre os contratos públicos de Marcos Valério. Há ainda um capítulo sobre os empréstimos feitos pelo PSDB, em 1998, em Minas Gerais.

Na leitura da introdução do relatório, Serraglio afirmou que o documento trará provas que não deixam margem a dúvidas de que os "ilícitos conhecidos como mensalão de fato existiram". Ele lembrou que foram analisados mais de 20 milhões de registros bancários e 33,8 milhões de registros telefônicos. O relator destacou que os contratos dos Correios e do Banco do Brasil com empresas de publicidade foram minuciosamente analisados.

- Mais de 68 mil contratos dessa modalidade foram integrados à base de dados - afirmou.

Serraglio vai apenas mencionar o caso da compra da Gamecorp pela Telemar, mas sem citar o nome do presidente no episódio nem de seu filho Fábio Luiz da Silva, o Lulinha, que é sócio da empresa. A citação a Lula no caso do mensalão também será feita da forma como desejava o governo. O relator dirá que o presidente foi informado pelo ex-deputado Roberto Jefferson sobre o mensalão e pediu providências ao então presidente da Câmara João Paulo Cunha e ao líder do governo na época, Aldo Rebelo.

A leitura do relatório estava prevista para o meio-dia, mas atrasou mais de uma hora por causa da impressão do documento, que tem duas mil páginas, mais duas mil de anexos. Serraglio começou a apresentação de seu parecer com uma citação de um trecho do versículo 26 da Bíblia, Mateus: "Nada há encoberto que não venha ser revelado. E nada há de escondido que não venha a ser conhecido".

Serraglio disse que seria impossível ler integralmente um relatório com mais de duas mil páginas, fora os anexos, por isso fará apenas uma descrição geral sobre os principais capítulos. O relatório deverá ser votado na próxima terça-feira.

O presidente da CPI, senador Delcidio Amaral (PT-MS), disse que os parlamentares não puderam apreciar o relatório previamente, pois o documento foi concluído na noite desta terça-feira e impresso durante a madrugada. Por isso, será concedida vista coletiva ao documento. O relatório é composto por três volumes e sua íntegra estará disponível no site do Senado.

As reuniões entre governistas e oposição entraram pela madrugada, inclusive com a participação de ministros do governo, que conversaram com Delcidio. Ainda há dúvida se este relatório será aprovado integralmente ou se haverá outra negociação para aprovar trechos dele ou um outro relatório paralelo.

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