O relator da CPI dos Correios, Osmar Serraglio (PMDB-PR), e o deputado Eduardo Paes (PSDB-SP), relator adjunto da CPI, estiveram nesta quarta-feira com o delegado da Polícia Federal Luiz Flávio Zampronha e defenderam a prisão do empresário Marcos Valério de Souza, com a alegação de que ele, solto, está atrapalhando as investigações da CPI e da PF.
- Desde aquela época da incineração, ele vem modificando documentos e balanços. Isso é atrapalhar a investigação. Quem atrapalha a investigação precisa ser estancado e uma das formas é também a detenção dele - disse Serraglio.
Segundo os dois deputados, Zampronha disse que a Polícia Federal "já dispõe de elementos suficientes para solicitar a prisão do empresário", mas não confirmou se fará isso. Na verdade, quem tem poder de pedir a prisão preventiva do empresário ao Supremo Tribunal Federal (STF), onde tramita o inquérito que apura o suposto esquema do mensalão, é o procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza. Ele, no entanto, já disse que não vai acolher a sugestão de Serraglio.
- Hoje não tenho elementos no inquérito para pedir a prisão. Na condução que estou tendo no inquérito não estou com essa previsão - afirmou o procurador-geral.
Souza disse que, se vier a pedir a prisão de Valério, a decisão será baseada em fatos surgidos a partir de diligências feitas dentro do inquérito.
- A sugestão da CPI não importa. É irrelevante - declarou.
O procurador-geral ainda fez críticas aos integrantes da CPI e à sugestão de prender o empresário sob o argumento de que ele estaria atrapalhando as investigações.
- Essa questão de 'tem que prender, tem que prender' cria um clima ruim para o andamento do inquérito. Mas dá notícia em jornal - alfinetou.
No encontro com o delegado Zampronha, os parlamentares pediram ainda que a PF aprofunde a investigação em relação a Valério.
- Porque tudo indica que ele precisa sim dar um paradeiro à essa modificação permanente da situação que investigamos - disse o deputado.
No início das investigações, os integrantes da CPI já haviam pedido para que a prisão preventiva fosse analisada, depois que documentos de duas empresas de Valério - DNA Publicidade e SMPB Comunicação - foram encontrados queimados. A PF concordou com o pedido, mas o Ministério Público não autorizou.
Recentemente, laudo da PF indicou a existência de milhares de notas falsas emitidas por empresas de Valério.