O serviço de inteligência do Ministério da Justiça descobriu indícios de uma trama contra o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e outras autoridades de âmbito federal. Janot foi informado sobre a ameaça numa reunião sigilosa com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, na noite de quarta-feira (25).
Janot se reúne com Temer sobre questões orçamentárias do MP
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, se encontrou com o vice-presidente da República, Michel Temer, nesta quinta-feira (26). O encontro foi realizado na residência oficial da vice-presidência e serviu para tratar de questões orçamentárias do Ministério Público, segundo a assessoria da PGR.
Leia a matéria completaA informação vem à tona em meio à expectativa de que nos próximos dias Janot apresente pedidos de abertura de inquérito pelo Supremo Tribunal Federal (STF) contra políticos que seriam beneficiários de desvios da Petrobras. Nos bastidores, a informação é de que isso deva ocorrer na terça-feira (3).
Ameaça
Em entrevista coletiva na tarde desta quinta-feira (26), Cardozo disse que não confirmaria nem negaria a informação sobre a ameaça à segurança do procurador. Segundo ele, um ministro da Justiça não pode falar publicamente sobre o assunto, pois estaria colocando em risco o suposto ameaçado.
“Se houver algum risco, não será comentado por nós”, disse Cardozo. Segundo ele, nem ministro, nem diretor da Polícia Federal podem falar abertamente sobre isso.
O ministro teria orientado o procurador-geral a reforçar a segurança pessoal. As ameaças estariam vinculadas às investigações da Operação Lava Jato. Outras autoridades federais estariam sob ameaça e também deverão ter esquema especial de segurança.
Análise
Uma equipe da Procuradoria-Geral da República está prestes a concluir a análise do material que dará base aos pedidos de abertura de inquérito que Janot fará ao STF contra políticos suspeitos de envolvimento com fraudes em contratos de empreiteiras com a Petrobras.
A reunião entre o ministro da Justiça e o procurador-geral não constou da agenda de nenhum dos dois. Cardozo disse que o encontro não foi registrado “porque não estava previsto” para a data específica.
Segundo ele, Janot o havia convidado para discutir um projeto de lei que cria um órgão para facilitar o combate à corrupção, com a participação do Executivo. Quando achou uma brecha na agenda, foi de encontro ao procurador.
A Procuradoria-Geral da República também confirma que foi discutido o projeto de lei. “Isso [projeto que ajuda a combater a corrupção] se encaixa exatamente com a orientação da presidente Dilma Rousseff”, disse Cardozo.
O ministro negou que a lista de políticos que serão denunciados pelo procurador fosse assunto do encontro. “Evidentemente que não. Óbvio que não”, disse ele, ressaltando que o assunto é sigiloso.
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