Crítica
Déficit é culpa de Requião, diz Renato Follador
O criador do atual plano de custeio da Paranaprevidência, Renato Follador, creditou ao governador Roberto Requião (PMDB) o déficit do fundo previdenciário do estado. Follador diz que o plano de custeio não foi seguido e que algumas ações do governo o tornaram deficitário. "O plano original previa contribuição de 10% do salário para aqueles que ganham até R$ 1,2 mil e 14% para os que ganham acima disso. Essa variação no índice foi questionada judicialmente, mas a emenda 41 obrigou União e estados a aplicar uma alíquota de 11%. Só que o Requião não cumpriu", afirma Follador. "É um absurdo não cumprir a Constituição Federal. O déficit surgiu porque o governo abriu mão do repasse previdenciário."
Além disso, afirma Follador, no plano original estava previsto a contribuição de aposentados e pensionistas, mas o governador isentou os inativos dessa contribuição. "Ele ainda atrasou o pagamento de contribuições e outras nem foram pagas." Na avaliação dele, a melhor saída para deixar as contas no azul seria manter o índice de 11%, mas incluir os inativos na lista de contribuintes. (KK)
A maioria dos servidores públicos do estado do Paraná deve ter um aumento no desconto mensal da contribuição previdenciária, que subiria dos atuais 10% para 11% do salário. A mudança deve constar do novo plano de custeio da Paranaprevidência, que está sendo finalizado pela instituição, responsável pela aposentadoria dos funcionários públicos do estado. Não está descartada ainda a volta da contribuição mensal de aposentados e pensionistas, que havia sido suspensa desde o início do governo Requião, em 2003.
O porcentual, no entanto, pode ser ainda maior e vai ser definido na semana que vem durante uma reunião do presidente da Paranaprevidência, Munir Karam, com o governador Roberto Requião e secretários estaduais.
Atualmente, o índice de contribuição varia de 10% a 14%, dependendo da faixa salarial dos 263 mil servidores. A intenção é definir um porcentual único, que será de no mínimo 11%. Na visão de Karam, o novo índice não significa um aumento no desconto, mas sim uma redução. "A média de contribuição é de 11,3%", afirma.
O novo plano de custeio, que vai definir o índice de contribuição para o funcionalismo público do estado, já foi encaminhado a Requião, que deve repassar para a Assembleia Legislativa no início do mês que vem, quando o parlamento estadual retoma as atividades. Para Karam, a necessidade da remodelagem do plano de custeio é porque nos últimos dois anos o atual plano previdenciário apresentou déficit que ainda não foi calculado pela Paranaprevidência. Reportagem da Gazeta do Povo publicada em setembro de 2009 mostrava que a instituição admitia um déficit de R$ 245 milhões em até 30 anos.
Uma das razões para o prejuízo foi a decisão de Requião, que em 2003 isentou cerca de 98 mil aposentados e pensionistas da contribuição. Uma das medidas para deixar a conta previdenciária no azul pode ser a retomada da contribuição dos inativos, o que, segundo Karam, não está descartada. "A taxação dos inativos é uma questão que ainda vai ser definida. Hoje aposentados e pensionistas não contribuem", diz. Apesar dessa possibilidade, o presidente da Paranáprevidência não acredita nessa hipótese. "O governador pensa muito na questão social. A tendência é que ele mantenha o mínimo contributivo (de 11%) e deixe de fora os inativos."
Números repassados por Karam mostram que o estado do Paraná paga por mês aproximadamente R$ 220 milhões em aposentadorias e pensões. A volta da contribuição previdenciárias dos inativos representaria um aumento de R$ 8 milhões na arrecadação cifra que na avaliação do presidente da instituição é insignificante frente ao volume despendido pelo estado. No entanto, ele ressalta que esses R$ 8 milhões teriam um peso decisivo para montar uma reserva para pagar os inativos daqui a 50 anos.
Dívida
Problemas de gestão do plano de custeio previdenciário provoca um rombo nas contas. Além de uma dívida de R$ 245 milhões, admitida no ano passado, o Tribunal de Contas do Estado (TC) apontou, na mesma época, que o governo do estado teria uma dívida de R$ 887 milhões com o fundo. Esse rombo foi alvo de uma série de denúncias feitas pelo ex-diretor jurídico da Paranaprevidência Francisco Alpendre, que acabou demitido do cargo. Em 2008, ele afirmou que a dívida da instituição somava R$ 1,4 bilhão por causa de aportes financeiros que o Executivo deixou de cumprir só em 2007. Alpendre chegou a responsabilizar Requião pelo prejuízo, acusando-o de crime de responsabilidade.
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