Em mais um capítulo da crise no Rio Grande do Sul, professores, funcionários da saúde e policiais civis resolveram parar, por três dias, em protesto contra o governo de José Ivo Sartori (PMDB). Policiais militares também aderiram ao movimento.
Líder governista quer reverter decreto de Richa sobre dívidas de pequeno valor
Leia a matéria completaEm assembleia realizada na tarde desta terça (18), os servidores públicos aprovaram a greve geral – os policiais militares, que são proibidos por lei de fazer greve, decidiram iniciar uma “operação-padrão”: não vão sair as ruas em veículos com documentação irregular (com multas ou IPVA vencidos) nem coletes salva-vidas fora do prazo de validade.
“Os carros irregulares não vão sair e são muitos”, admite Leonel Lucas, presidente da Associação dos Policiais de Nível Médio da Brigada Militar.
A Secretaria da Segurança Pública afirma que compreende a situação dos servidores e que mantêm o “diálogo aberto”. Em nota, o órgão diz “plena confiança de que o efetivo manterá o atendimento à população”.
Os servidores protestam contra o parcelamento de salários, congelamento dos reajustes e mudanças na aposentadoria. As medidas são iniciativas de Sartori para enfrentar a crise do estado que resultou no bloqueio das contas pelo governo federal por causa do atraso do pagamento da dívida com a União.
Na segunda-feira passada (10), os servidores fizeram uma paralisação de 24 horas.
Manifestação
Cerca de 50 mil servidores, segundo a organização do protesto, marcharam em direção ao Palácio do Piratini, sede do governo. Os manifestantes cantavam frases de efeito como “Sartori não te bobeia, tu vai parar na cadeia”.
Segundo o portal G1, servidores estaduais ocuparam galerias da Assembleia Legislativa em torno das 16 horas.
Policias civis seguravam cruzes pretas simbolizando a “morte da segurança pública”.
Das janelas, moradores aplaudiam e jogavam pedaços de papel picado.
“A população entende o nosso lado. Não temos as mínimas condições de trabalho”, diz a escrivã de polícia Marisa Santana, 54.
“Temos de trabalhar como a lei determina, por isso faremos a operação-padrão. Se a polícia para, quem sofre é o povo”, diz o tenente da Brigada Militar (a PM gaúcha), Márcio Costa, 46.
Centenas de servidores entraram na Assembleia, invadindo corredores e o plenários. O objetivo é pressionar os deputados para que não aprovem o pacote de Sartori com congelamento de salários, extinção de fundações e aumento de impostos. Os deputados têm mais duas semanas de prazo para votar os projetos.
Crise
Os servidores temem um novo atraso no pagamento dos salários, como ocorreu em julho. Na ocasião, o governo Sartori pagou em dia somente os funcionários com salário até R$ 2.150. O restante foi pago com 12 dias de atraso, antecipando uma terceira parcela para evitar uma intervenção federal no estado.
O STF decidiu que o governo gaúcho não poderia parcelar os vencimentos, o governo tenta um recurso. As contas do estado estão bloqueadas por atraso no pagamento da dívida com a União.
Apesar de ser o quarto Estado mais rico do país e ter bons indicadores sociais, o Rio Grande do Sul convive há anos com alguns dos piores números das finanças públicas no país – por isso, é chamado de a “Grécia brasileira”. É o mais endividado, está na lanterna em investimentos e permanece entre os líderes de gastos com pessoal.
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
Quem são os indiciados pela Polícia Federal por tentativa de golpe de Estado
Bolsonaro indiciado, a Operação Contragolpe e o debate da anistia; ouça o podcast
Seis problemas jurídicos da operação “Contragolpe”
Deixe sua opinião