A discussão do parecer sobre a abertura de processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff registrou 42 horas e 51 minutos ininterruptas e foi considerada a sessão mais longa da história da Câmara dos Deputados. As últimas falas antes da votação – prevista para as 14 horas – acabaram por volta das 3h40 deste domingo (17).
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Foram duas etapas, que contemplaram os discursos por partidos e os discursos individuais. Todos os 25 partidos com representação na Casa tiveram a oportunidade de discutir o parecer. Pela lista de inscritos, foram 189 deputados que discursaram individualmente – número este reduzido após um acordo no qual 60 parlamentares abriram mão de falar.
A fase de falas por partido – que somou 34 horas de debate e 273 discursos (alguns parlamentares falaram mais de uma vez) – terminou às 18h58. O início foi às 8h55 de sexta-feira (15). O debate foi prolongado pelas falas de lideranças, permitidas a cada nova sessão.
Discursos individuais
Por volta das 19 horas deste sábado (16), começaram os discursos individuais. Inicialmente, a lista de inscrições de deputados para discursos sobre a admissibilidade de abertura do processo de impeachment reunia 249 deputados: 170 iriam defender o afastamento da presidenta e 79 deveriam pedir o arquivamento do processo.
Acordo ajudou a reduzir tempo
Quando já chegava a 39 horas de discussões, os deputados que debatem o impeachment da presidenta Dilma Rousseff no plenário entraram em acordo . Os partidos decidiram abrir mão dos tempos dedicados às comunicações de liderança em favor dos oradores inscritos para que a votação fosse mantida para as 14 horas.
Feita pelo presidente da Casa, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a proposta foi aceita pelos líderes dos partidos presentes no plenário. Cunha pediu compreensão às legendas para o fato de que, com o acordo costurado, haverá mais tempo para que cada orador discurse contra ou a favor do impeachment.
Contudo, após reunião de líderes, o relator do processo do impeachment na Câmara, deputado Jovair Arantes (PTB-GO), informou que 60 deputados de 14 partidos favoráveis ao afastamento da presidenta Dilma Rousseff abriram mão de falar no plenário na etapa individual das discussões do impedimento.
A decisão foi tomada no entendimento de que a iniciativa traria um ganho de seis a sete horas no processo, o que ajudaria a garantir o início da votação neste domingo (17) às 14h.
O deputado Gilberto Nascimento (PSC-SP), que conduziu a sessão após o presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) se retirar, foi o último a discursar.
Em geral, a etapa de discursos individuais ocorreu sem maiores problemas. Contudo, por volta da 0h45, deputados contrários e favoráveis ao processo de impeachment começaram a trocar insultos e empurrões e quase interromperam as falas.
A discussão acalorada aconteceu depois que o deputado Vítor Valim (PMDB-CE), da tribuna da Casa, chamou os petistas de “bandidos”. Inconformado, o petista Sibá Machado (AC) foi tirar satisfação.
“Ele chamou a gente de bandido. Eu fui lá falar com ele, que estava olhando para o outro lado. Então, peguei no braço dele para ele olhar para mim, e ele disse que eu o agredi”, contou Sibá à Agência Brasil. “Disse a ele: ‘Se você estiver aqui na hora em que eu for falar, eu vou lhe dar um pau. Vou devolver o que você disse’”, acrescentou o petista explicando que rebateria as ofensas de forma verbal. “Não vou brigar. Não brigo com ninguém”.
Recorde
Até então, a sessão com maior duração havia sido a da votação da Medida Provisória dos Portos, em maio de 2013, que durou 22 horas consecutivas. A discussão da Medida Provisória levou, ao todo, cerca de 40 horas, divididas ao longo da semana.
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