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Todas as sete testemunhas ouvidas pelo procurador de Justiça Hermann Herschander nesta terça-feira, no Fórum de Araçatuba, confirmaram que o promotor de Wagner Juarez Grossi, de 42 anos, dirigia embriagado quando entrou na contramão e atingiu uma moto, matando três pessoas de uma mesma família. O acidente ocorreu no domingo. Apesar dos testemunhos, Grossi não vai perder o direito de dirigir. A Delegacia de Trânsito de Araçatuba deve abrir apenas nesta quarta-feira processo para decidir se o promotor perderá ou não a carteira de habilitação.

- O processo pode levar até 45 dias. Nesse prazo, ele continua com a carteira de habilitação - disse o delegado de Trânsito de Araçatuba, Nelson Barbosa.

As sete testemunhas são policiais rodoviários, militares e pessoas que presenciaram o acidente. Elas também confirmaram que Grossi desceu do carro com uma lata de cerveja na mão.

O tenente da Polícia Militar Rodoviária Marcelo Reis repetiu o que foi registrado no boletim de ocorrência, que o promotor dirigia em alta velocidade e estava embriagado.

Nestor Feliciano, que mora perto do local do acidente, afirmou em seu depoimento que, depois de arrastar a família, Grossi desceu do carro e perguntou o que tinha acontecido.

- Ele estava com uma latinha de cerveja na mão. Não estava cambaleando, mas são ele não estava - afirmou.

- Estava bêbado. Claro que estava. Ele jogou a latinha de cerveja - afirmou Edilson Vieira dos Santos, uma outra testemunha.

Casal morto no acidente - Reprodução TV Globo A perícia, por meio de um exame clínico, comprovou que o promotor estava dirigindo embriagado. De acordo com o procurador Herschander, o laudo é legal, feito por um médico do IML, e será anexado ao processo.

Alberto Lindomar dos Santos, pai de Alessandro Silva dos Santos, uma das vítimas, que perdeu também o neto de 7 anos no acidente, disse acreditar na Justiça.

- Não é justo um promotor de justiça andar bêbado numa pista e tirar a vida de três pessoas. Se fosse um pobre, igual a mim, já estaria preso - afirmou.Nesta terça, o promotor Wagner Grossi entregou um atestado médico e pediu afastamento do cargo por pelo menos 15 dias.

O promotor poderá responder por triplo homicídio culposo (sem intenção de matar), com agravante de embriaguez ao volante. A pena prevista para esse tipo de crime é de até quatro anos de reclusão, com agravamento de 1/3 pelo estado de embriaguez.

O procurador de Justiça explicou que não foi efetuada a prisão em flagrante do promotor, por se tratar de um crime afiançável. Além disso, a Lei Orgânica do Ministério Público estabelece que um promotor só pode ser preso se houver ordem judicial.

No boletim de ocorrência, feito no dia do acidente, o delegado informa que "as provas já carreadas demonstram que o condutor (Wagner Grossi) conduzia seu veículo embriagado e em alta velocidade".

Perguntado se Grossi não deveria ter sido indiciado por homicídio doloso, com intenção de matar, já que estava embriagado e dirigindo na contramão, o procurador disse que nada por enquanto aponta no sentido de que Grossi tinha a intenção de matar. O promotor, que mora num condomínio de luxo em Araçatuba, não deu entrevista.

- Tudo o que é necessário fazer para apurar com rigor, dentro da lei, está sendo feito. Não foi efetuada a prisão porque esse crime é afiançável, que não admite prisão preventiva e normalmente qualquer pessoas responde esse crime em liberdade - disse Herschander.

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