O primeiro mês de mandato dos prefeitos eleitos em 2008 se aproxima do fim, mas em sete municípios paranaenses as prefeituras continua a ser comandadas de forma provisória. Sem saber por quanto tempo ficarão à frente das administrações municipais, os prefeitos interinos afirmaram à reportagem da Gazeta do Povo que vêm tocando obras e projetos como se fossem permanecer na função pelos próximos quatro anos. Por enquanto, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não têm previsão para concluir os julgamentos dos candidatos eleitos que ficaram impedidos de assumir as prefeituras por problemas nas últimas eleições. O caso mais perto de uma solução é o de Londrina, onde um novo segundo turno deve ocorrer na segunda quinzena de março.
Imbituva, no centro-sul do estado, vive a situação mais curiosa. O candidato José Pontarolo (PSDB) venceu o pleito, mas teve o registro de candidatura negado porque o Tribunal de Contas (TC) desaprovou o balanço financeiro da época em que ele era prefeito, entre 1996 e 2004. Quem assumiu a administração do município foi Rubens Pontarolo (PDT), presidente da Câmara e filho do candidato cassado. Rubens garante que o pai aguarda a decisão da Justiça Eleitoral e não participa das decisões da prefeitura. "Estou criando novos programas e projetos mesmo sem saber se vou poder dar prosseguimento a eles", afirma. "Penso no hoje e não no amanhã. Se meu pai assumir nas próximas semanas, vai tocar tudo do jeito dele."
Na primeira vez em que concorreu a um cargo eletivo, Joana Darc Franco de Araújo (PPS) elegeu-se vereadora, mas acabou se tornando prefeita de Palmas, no Sul do Paraná. O vencedor das eleições, Hilário Andraschko (PDT), teve as contas do mandato de 2001 a 2004 desaprovadas pelo TC. Diante da situação inesperada, a nova prefeita admite que "perdeu" as duas primeiras semanas no cargo para formar a equipe de governo e definir os rumos da sua administração. No entanto, ela diz que trabalha como se estivesse no cargo de maneira definitiva. "Faço o que tem de ser feito. Independentemente do tempo em que vou ficar aqui, o município não pode parar."
Caso Belinati
Em Londrina, o prefeito interino, Padre Roque (PTB), diz que não deverá haver problemas de descontinuidade na administração do município porque a situação deve ser resolvida logo. "Estamos solucionando pequenas demandas da cidade e concluindo obras da gestão anterior. Se o processo eleitoral fosse demorar mais de seis meses, nossa postura seria outra", afirma.Os advogados do deputado estadual Antonio Belinati (PP) devem entrar com um novo recurso no TSE no início da próxima semana, para tentar evitar novas eleições no município. O deputado federal Luiz Carlos Hauly (PSDB) também estuda recorrer à Justiça para assumir a prefeitura sem precisar passar por uma nova eleição, pois foi o segundo colocado no pleito de 2008. Já o deputado federal Barbosa Neto (PDT) afirma que Belinati deveria ser empossado prefeito, mas está preparado para um novo segundo turno. "Para mim quem deveria assumir é o Belinati, mas a decisão da Justiça deve ser cumprida", diz.Prejuízo ao municípioNa opinião do professor de Ciências Políticas da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Adriano Codato, qualquer cidade perde quando vive essa indefinição quanto ao nome do novo prefeito. Segundo ele, os municípios de maneira geral passam seis meses sem ser administrados, desde o momento em que se inicia a campanha política. Situação que persiste enquanto não há a nomeação efetiva do vencedor do pleito. "A administração para, mas os problemas continuam", afirma. "Isso cria uma situação precária, e não provisória."Para Codato, o desperdício de dinheiro é outra característica desse momento de espera por um prefeito definitivo. "Quem estiver no cargo vai querer mostra a que veio. Mas será um dinheiro jogado fora, já que o próximo a assumir vai começar uma administração inteiramente nova."Outro problema grave, de acordo com o professor, está no fato de que o processo eleitoral perde credibilidade em virtude de casos como esses. "Imagine a cabeça do eleitor ao ver que milhares de votos vão acabar sendo decididos por um único juiz", avalia.