A cobrança do governador Roberto Requião (PMDB) para que os deputados apressem a votação do projeto de lei que estabelece o salário mínimo regional provocou reação do setor produtivo. O presidente da Assembléia Legislativa, Hermas Brandão (PSDB), recebeu manifestações de 15 entidades representativas da indústria e do comércio a maioria patronal e contra a criação do teto regional.
A reação do empresariado começou na terça-feira, após a reunião do secretariado do governo, durante a qual Requião fez duras críticas aos parlamentares e cobrou rapidez na aprovação do projeto, que estipula um salário mínimo estadual entre R$ 427 e R$ 437,80, de acordo com a categoria profissional. Em resposta à pressão pública do governador, Hermas Brandão avisou que só colocará o mínimo em votação depois de ouvir a sociedade sobre o projeto.
Se dependesse apenas das entidades que enviaram comunicado à Assembléia, dificilmente o projeto seria aprovado na íntegra. A maioria dos sindicatos patronais demonstra preocupação com o aumento da informalidade e do desemprego que pode ser provocado com a implantação do teto estadual.
"No momento em que nosso segmento está sendo invadido por produtos chineses, o governo estadual deveria se preocupar com a sobrevivência dessas empresas", afirma o presidente do Sindicato das Indústrias de Fiação e Tecelagem no Estado do Paraná (Sinditêxtil), Adilson Filipaki, em comunicado enviado aos parlamentares.
As empresas metalúrgicas têm a mesma preocupação. No documento encaminhado à Assembléia, os sindicatos das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico do Paraná (Sindimetal-PR) e de Ponta Grossa (Sindimetal-PG) afirmam que o mínimo "vai gerar um aumento brutal nos custos operacionais das indústrias".
O salário mínimo regional proposto pelo governo estadual deve beneficiar diretamente cerca de 190 mil paranaenses, pouco menos de 6% do total de trabalhadores empregados do estado. A estimativa, feita pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese/PR), representa o número de paranaenses que têm carteira assinada mas não possuem dissídio ou acordo coletivo de trabalho.
Apesar do projeto prever aumento apenas para essa parcela de trabalhadores, os empresários temem que outras categorias passem a exigir o mesmo aumento porcentual para seus níveis salariais.
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