O juiz federal Sérgio Moro, que conduz as ações da Operação Lava Jato, elogiou Bernardo Cerveró, filho do ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró, no fim do depoimento do executivo na segunda-feira (18). Na parte final da audiência, Nestor Cerveró pediu a palavra e, por cerca de oito minutos, se desculpou com o magistrado por ter mentido em dois depoimentos anteriores e falar da gravação que Bernardo Cerveró fez do senador Delcídio Amaral (sem partido-MS) tentando barrar a Lava Jato, em novembro de 2015.
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Leia a matéria completaNestor Cerveró foi preso em janeiro de 2015, pela Polícia Federal, no Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, quando chegava de uma viagem à Inglaterra. A gravação feita por Bernardo Cerveró foi base para a prisão do senador Delcídio do Amaral (sem partido-MS) no dia 25 de novembro do ano passado, por tentativa de atrapalhar as investigações da Lava Jato.
A base da custódia do senador é uma conversa gravada por Bernardo Cerveró. Em 4 de novembro, o filho do ex-diretor da Petrobras gravou uma conversa de 1h35 na qual Delcídio, com a suposta ajuda do então advogado de Nestor Cerveró, Edson Ribeiro, tentava bloquear uma possível delação premiada do ex-diretor. O senador ofereceu R$ 50 mil mensais para comprar o silêncio de Nestor Cerveró. Em 18 de novembro, o ex-diretor da estatal petrolífera fechou sua delação premiada com a Procuradoria-Geral da República - o senador seguiu o mesmo caminho e fechou acordo de colaboração em fevereiro deste ano.
No fim da audiência, após as declarações de Cerveró, Moro disse. “Seu filho foi bastante corajoso, merece esses elogios todos do sr. Mas isso não diz respeito a esse caso específico.”
Momentos antes, enquanto falava do filho, o ex-diretor da Petrobrás ficou com a voz embargada e chorou. “Graças aos esforços dos meus (novos) advogados e, desculpe, do meu filho, que gravou conversa, teve a frieza de ficar 1h30 conversando, desculpe, e conseguiu gravar a conversa em que o meu advogado que tinha se aliado ao senador Delcídio planejavam um esquema de fuga, um esquema que era totalmente absurdo, porque eu tinha voltado da Inglaterra um ano antes. Meu filho conseguiu essa gravação e com essa gravação, então, foi feito o acordo com o Ministério Público e eu prestei as informações que eu teria prestado 6, 7 meses antes. Eu perdi 6 ou 7 meses de prisão fechada e o pior que isso. Meu filho, minha nora e minha neta saíram do país por questões de segurança, por recomendação da Polícia Federal. Eles estão morando fora do País”, disse.
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