O presidente da Câmara dos Deputados, Severino Cavalcanti (PP-PE), disse nesta terça-feira a uma emissora de rádio de Recife que tomará todas as precauções para que "inocentes não sejam degolados" e afirmou que não vai mudar o cronograma de análise dos pedidos de cassações de deputados envolvidos nas denúncias do mensalão.
- A análise vai obedecer à ordem de chegada. Não se pode jogar inocentes na sarjeta nem achar que todo mundo merece estar no pedestal da dignidade. As denúncias têm que ser muito bem fundamentadas para que os pedidos cheguem em plenário - disse o deputado.
O adiamento da abertura do processo de cassação do deputado José Dirceu (PT-SP), provocou uma guerra entre o presidente da Câmara e o presidente do Conselho de Ética, Ricardo Izar (PTB-SP) na segunda-feira. Por decisão de Severino, as representações do PTB que pedem a abertura de processo por quebra de decoro contra os deputados Dirceu e Sandro Mabel (PL-GO) serão as últimas das oito que aguardam na fila a serem analisadas pelo Conselho de Ética.
Isso significa que os dois terão mais prazo para optar pela renúncia e evitar, no caso de um processo de cassação do mandato, a perda dos direitos políticos por oito anos. Para se defender de insinuações de engavetamento do caso, o presidente da Câmara culpou Izar de ter demorado dois dias para enviar as representações à Mesa. O presidente da Câmara rejeitou a acusação de que está engavetando o processo contra Dirceu e Mabel. Severino atribuiu a Izar la demora de dois dias para remeter à presidência as representações do PTB. Com isso, elas foram para o final da fila cronológica.
Izar reagiu, dizendo que a afirmação de Severino é injusta e afirmou que, se o presidente da Câmara quiser, pode enviar as representações contra Dirceu e Mabel que o Conselho de Ética tem condições de análisá-los.
- Em primeiro lugar, o PL, quando apresentou suas denúncias contra os deputados do PTB, entrou diretamente na Mesa da Câmara, e posteriormente, no Conselho de Ética, enquanto o PTB deu entrada somente no Conselho de Ética. Então, eu tenho obrigação de mandar (a representação) para a Mesa da Câmara, e quando eu mandei à Mesa, já estava lá o outro processo - afirmou.
Izar disse que mesmo se atrassasse mais cinco dias, ou se não atrasasse nenhum dia, o resultado seria o mesmo.
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