O corregedor da Câmara, Ciro Nogueira (PP-PI), disse nesta sexta-feira que o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti, não deverá comandar a sessão de terça-feira em que será votado o pedido de cassação do mandato do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ). A oposição ameaça boicotar a sessão se ela for presidida por Severino.
Ciro conversou por telefone por cerca de meia hora com Severino, que está em Nova York, e disse que o correligionário não pretende pedir licença do cargo e afirmou que vai provar sua inocência.
- Ele afirmou que quer provar sua inocência e não pensa nem em renúncia nem licença. Não me sinalizou nada neste sentido - afirmou Ciro.
O deputado adiantou que Severino vai marcar - provavelmente no domingo - uma entrevista coletiva para prestar esclarecimentos. Ele antecipou a volta de Nova York para este sábado depois das denúncias do comerciante Sebastião Augusto Buani, dono do restaurante Fiorella, de que teria pago quase R$ 130 mil ao então primeiro-secretário da Câmara para prorrogar o contrato de concessão.
As fortes evidências contra Severino impediram que o corregedor fizesse até agora qualquer movimentação para tentar salvar o mandato do amigo. Pelo contrário. Ao assumir publicamente a amizade com Severino, Ciro vê-se obrigado a dar declarações que reforcem sua isenção diante do iminente processo de cassação do presidente da Câmara.
Nesta sexta-feira logo pela manhã, Ciro descartou a possibilidade de acordo para preservar Severino. Dizendo-se incomodado e constrangido com a situação, ele espera concluir a sindicância aberta na Corregedoria o mais rápido possível. Por isso, torce para que Buani apresente logo o cheque que teria sido utilizado para fazer um dos pagamentos do chamado mensalinho a Severino.
- Ninguém vai aceitar qualquer tipo de acordo. Isso é pior para a Casa. O cheque é uma prova forte, definitiva. Eu estou esperando que seja apresentado. Se não vai ficar uma questão de palavra contra a outra. Até o fim da semana tudo estará esclarecido. Eu tenho interesse de resolver tudo isso o mais rápido possível - disse Nogueira.
Nogueira garante que vai conduzir a investigação com isenção. Antes do telefonema, Ciro já havia declarado que Severino precisa provar sua inocência se quiser continuar a presidir a Casa.
- Sou aliado e grande amigo dele. Não é uma coisa agradável tudo isso, mas tenho de cumprir o meu dever. Vou saber separar as coisas - disse.
A postura de Ciro Nogueira foi elogiada pelo líder da minoria da Câmara, deputado José Carlos Aleluia (PFL-BA). O pefelista visitou-o no fim da tarde e sugeriu que Ciro convencesse Severino a renunciar ao mandato. Filiado ao PFL até 2004, o corregedor ouviu Aleluia, mas adiantou que, por ora, Severino não pensa na hipótese de deixar a Câmara.
- Vim dar o meu apoio ao Ciro. Ele está conduzindo tudo com muita dignidade - disse Aleluia, ao deixar a sala do corregedor.
Já em seu gabinete, o líder da minoria avaliou que considera a renúncia a melhor solução para Severino, apesar de o PFL poder ser beneficiado apenas com a licença, o que colocaria automaticamente o primeiro vice-presidente José Thomaz Nono (PFL-AL) no comando da mesa diretora por 120 dias.
- Sabemos que Nonô pode conduzir bem a casa, mas o PFL não é oportunista. A melhor solução é mesmo a renúncia - disse.
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