O presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), reafirmou hoje a assessores e advogados que não vai renunciar nem pedir licença do cargo para enfrentar as acusações de que cobrou propina do empresário Sebastião Buani. Ele marcou entrevista coletiva para o meio-dia deste domingo, na Câmara. A avaliação feita na reunião de ontem com assessores e advogados foi de que há uma "campanha sórdida" contra Severino e que o empresário Buani pode estar servindo de instrumento a outras forças políticas.
A base da defesa é tentar mostrar que o acusador teria motivos para preparar uma armação, porque seu contrato com a Câmara seria suspenso.
- A intenção (do presidente) é manter-se no cargo para defender-se. Não vai renunciar, não vai pedir licença. E espera que seus pares e a própria Nação tenha boa vontade para ouvir sua defesa e não faça prejulgamentos - disse o advogado Eduardo Alckmin, ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral, que assumiu ontem a defesa do presidente da Câmara.
Alckmin, que deve entrar com queixa-crime por injúria e calúnia contra Buani segunda-feira, disse estar convencido de que é falso o documento que Severino teria assinado garantindo a prorrogação, por três anos consecutivos, do contrato de Buani com a Câmara.- Há indício de que é falso o documento. A assinatura não confere e seu teor também é inexplicável - disse Alckmin.
Outra tática de defesa é dequalificar o empresário:
- É óbvio que há uma conspiração imensa. O presidente vai esclarecer tudo, porque há uma campanha sórdida se movendo contra ele - disse o assessor jurídico da Câmara, Marcos Vasconcelos, que participou da reunião, acrescentando:
- Não se pode jogar 42 anos de vida pública na lixeira. Vocês têm que prestar atenção é na vida pregressa do empresário e do que ele é capaz de fazer. Um empresário, por ser desonesto, pode estar servindo de instrumento a outras forças.
Alckmin diz que a versão de Buani não se sustenta, porque foi inventada. Ele acusou Buani de ter criado toda a história porque seu contrato não foi renovado com a Câmara. O advogado também afirmou que o momento político pode ter ajudado o dono do restaurante a agir dessa forma.- Os depoimentos são de alta suspeição, e elementos de prova até agora não há.
O advogado também disse que Severino acredita que o julgamento será político e não tem dúvida de que não foi depoisitado na conta dele nenhum cheque de Buani ou do motorista.- Isso é uma armação contra o deputado Severino Cavalcanti.
Ex-ministro do TSE, Alckmin já foi advogado do deputado Jader Barbalho (PMDB-PA), do ex-deputado Geraldo Magela (PT-DF) e do prefeito de São Paulo José Serra (PSDB) na campanha presidencial de 2002.
Nenhum aliado político apareceu para discutir a crise com o presidente da Câmara. Além do advogado e assessor jurídico participaram da reunião na residência oficial neste sábado outros assessores, como sua chefe de gabinete, Iara Alencar, e o secretário-geral da mesa, Mozart de Paiva Vianna.
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