O ex-secretário-geral do PT Silvio Pereira disse à Polícia Federal nesta segunda-feira (4) que recebeu dinheiro de empreiteiras investigadas pela Lava Jato como forma de pagamento por serviços prestados em campanhas eleitoras entre 2009 e 2011 e pela distribuição de cestas de Natal para as companhias. Ele afirmou não ter recebido todo o R$ 1,1 milhão atribuídos a ele pelo Ministério Público Federal (MPF), segundo seu advogado, Luis Alexandre Rassi.
Pereira negou, ainda, ter participado de negociações com o empresário Ronan Maria Pinto, que é acusado de chantagear dirigentes petistas em 2004 para receber R$ 6 milhões, conseguidos pelo pecuarista José Carlos Bumlai no banco Schahin com suposta ajuda do PT.
“Ele disse que o dinheiro que ele recebeu de duas empreiteiras foram relativos a serviços prestados de pouca monta e não reconheceu alguns pagamentos. Jamais houve mesada ou cala-boca”, afirmou o advogado.
Pereira reclamou que, embora tenha viajado a Curitiba no sábado (2), só teve autorização para falar com seu cliente nesta segunda. Ele cogitou remarcar o depoimento, já que não tinha tido acesso aos autos.
Segundo o criminalista, um dos serviços que Pereira prestou para uma campanha eleitoral e pago por uma empreiteira foi contratar motoristas de van para fazer transporte. Isso explicaria porque o petista não tem recibos dessas movimentações financeiras. O advogado frisou que Pereira está afastado da vida partidária desde 2005, o que não justificaria receber uma mesada do PT.
Rassi questionou a citação, no pedido de prisão temporária de Pereira, ao recebimento de uma Land Rover da empresa GDK, fornecedora da Petrobras, revelado no escândalo do mensalão, em 2005. Para ele, usar esse argumento pode fazer a investigação ir para o mesmo juízo que já investigou o “presente” da GDK:
“O juiz fixou competência dos fatos relativos a Silvio Pereira em razão de ter considerado como pagamento de propina a entrega de Land Rover por parte da GDK. A tese é que como a GDK tem contrato com Petrobras, a competência seira dele”, disse o advogado. “O argumento me parece suicida para a análise de toda a competência da Operação Lava Jato, pois o primeiro fato submetido ao Judiciário foi justamente a entrega do Land Rover. Se ele reconheceu a conexão, o caso é do juízo do Rio de Janeiro.”
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