O ex-secretário-geral do Partido dos Trabalhadores, Silvio Pereira, um dos principais acusados de montar o esquema do PT nas campanhas eleitorais e no governo Lula, finalmente falou. Depois de um ano calado, ele deu uma entrevista em que revela detalhes do esquema e afirma que o publicitário Marcos Valério pretendia arrecadar R$ 1 bilhão nas suas articulações políticas e empresariais que são alvo de investigação. O jornalista Jorge Bastos Moreno revela no seu blog na Globo.com, a entrevista feita pela jornalista Soraya Aggege que será publicada neste domingo pelo jornal O Globo.
Silvio Pereira afirma que o PT se recusou a ouvi-lo e ele estaria disposto a contar tudo. "Talvez já saibam", disse à jornalista em uma entrevista de oito horas de duração. Mas depois de contar muita coisa, o ex-petista parece ter se arrependido e num acesso de fúria ou de temor passou destruir o apartamento em que mora, em São Paulo, e a dizer que iria ser assassinado. "Eles vão me matar", chegou a dizer, descontrolado.
Pereira, que ficou conhecido por ter recebido um automóvel Land Rover de um empresário que prestava serviços ao governo, ficou com pertences da jornalista que só foram devolvidos no dia seguinte. Deixou recado dizendo que viajaria e que não teriam mais contato.
Veja aqui alguns trechos do que está sendo revelado no "Blog do Moreno" e que estará neste domingo nas páginas do O Globo:
"Segundo Silvio, o plano do empresário Marcos Valério com o PT era arrecadar o montante de R$ 1 bilhão, em quatro áreas, todas com pendências na atuação do governo: Banco Econômico, Banco Mercantil de Pernambuco e Opportunity, além de operações de passivos na área da agropecuária. As operações não teriam dado certo e por isso Valério teria passado a cobrar as faturas."
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"Silvio afirma que existem outros partidos envolvidos e que "há cem Marcos Valérios por trás do Marcos Valério", dizendo acreditar que o esquema todo pode ter voltado a funcionar, já que, apesar das CPIs, as estruturas de corrupção não foram modificadas.
"Segundo Silvio Pereira, a fonte dos recursos que foram injetados no PT, principalmente para campanhas eleitorais do próprio partido e do PTB, nas eleições de 2004, é basicamente oriunda de um pool de empresas, empenhadas em ganhar contratos com o governo e também em garantir o destino de emendas de parlamentares. Bastaria o governo não notar os pools, principalmente em consórcios, disse. Na versão do ex-secretário-geral do PT, Marcos Valério funcionaria como um dos emissários da arrecadação ilegal junto a empresas de variados setores."
"Silvio contou ainda que foi feito um acordo com Marcos Valério logo depois de estourado o escândalo, que completa um ano este mês. A culpa ficaria mais centrada no PT e nos principais envolvidos. O empresário teria dito aos petistas que tinha três opções: contar tudo o que sabe e "derrubar a República", por causa do envolvimento dos outros partidos, dos políticos e das empresas; calar-se e acabar assassinado como PC Farias (o tesoureiro do ex-presidente Collor); ou contar parcialmente o que sabe. O PT ficou com a última opção."
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"O ex-secretário-geral exime o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de responsabilidade no esquema e afirma que em 2004, já ministro, o ex-presidente do PT José Dirceu não recebia Marcos Valério, nem gostava da situação. O empresário teria tido um comportamento normal na campanha de 2002, mas em 2004 passou a ter acesso irrestrito à direção nacional do PT. A maior parte dos dirigentes sabia da influência de Valério e das dívidas do partido com ele, que chegaram a R$ 120 milhões, segundo o ex-secretário."
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