São Paulo - O senador Pedro Simon (PMDB-RS) afirmou ontem que o presidente José Sarney (PMDB-AP) tem que se afastar da presidência do Senado. "Ele deve se afastar desse processo. Para o bem dele, da família dele, da sua história e deste Senado", disse, durante discurso no plenário do Senado, que estava esvaziado por causa das festas juninas nos estados nordestinos havia apenas oito parlamentares de um total de 81.
Para Simon, se o presidente se afastar da Casa, não significará automaticamente uma ação de auto culpa ou de admitir a responsabilidade de atos que estão sendo denunciados pela imprensa. "Pelo contrário: representa um ato de grandeza", defendeu. Na opinião do senador, Sarney fez "muitas coisas boas" e a má-fé não faz parte de seu programa.
"Há um mês eu disse que é melhor o presidente sair do que seja obrigado a sair. Hoje eu repito: é bom que o presidente Sarney largue a presidência do Senado antes que a situação fique totalmente insustentável", argumentou.
Durante o discurso, Simon disse também que os escândalos que envolvem o Senado não devem ser atribuídos a um ou outro parlamentar. "A frase bíblica nunca esteve tão certa: ninguém pode atirar a primeira pedra. Não se pode dizer que não fui eu e não dizer que foi ele. Há responsabilidade coletiva", observou.
O senador disse ainda que está "caindo em depressão" com o exagero das mensagens que tem recebido por e-mail. "Me falam para ir para a casa, que não há solução e que o Senado tem de fechar", citou.
Na avaliação de Simon, o Senado passa por uma série de erros. "Dos quais sou responsável por muitos. Esta Casa se encontra no ápice de uma crise e o Brasil inteiro olha para essa Casa. E de uma maneira que eu não tinha visto", considerou. Ele lembrou que a classe política é vista de uma maneira "muito dura" pelo povo, mas se disse surpreso com a mudança de tom dos brasileiros. "Nunca (vi olharem para o Senado) com um olhar tão magoado e triste, como agora."
Simon questionou o fato de o presidente da Casa não se manifestar sobre as denúncias. "Ele não sabia que existia ato secreto? Não sabia que tinha banco em empréstimo consignado? Não sabia que tem mais de 300 servidores ganhando o dobro? Não sabia. O que o senhor (Sarney) está fazendo lá? Ninguém acredita em nós, não acredita em coisa nenhuma", disse.
O peemedebista lembrou que foi Sarney quem escolheu o ex-diretor-geral Agaciel Maia, apontado como o principal articulador das irregularidades do Senado. "Não é importante ter na presidência do Senado uma pessoa que não tenha nada a ver com essas coisas que aconteceram nos últimos anos do Senado?"
Inviabilidade
O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), afirmou ontem que a situação de José Sarney caminha para a "inviabilidade" após a nova denúncia sobre o envolvimento de um neto dele em empréstimos consignados na Casa. "O presidente Sarney está caminhando a passos largos para a inviabilidade", disse Virgílio.
O senador tucano voltou a cobrar respostas imediatas e drásticas por parte de Sarney. "Não sei se é licença ou renúncia, mas ele está indo mal e precisa responder com urgência O que se desenha é uma crise institucional. Creio que seja a maior que já vi depois da ditadura militar. É uma crise maior que a do Mensalão, porque envolve agora um poder mais fraco do que o Executivo", ressaltou.
Perda de contato com a classe trabalhadora arruína democratas e acende alerta para petistas
Bolsonaro testa Moraes e cobra passaporte para posse de Trump; acompanhe o Sem Rodeios
BC dá “puxão de orelha” no governo Lula e cobra compromisso com ajuste fiscal
Comparada ao grande porrete americano, caneta de Moraes é um graveto seco