A Comissão de Sindicância aberta pela Câmara Municipal de Londrina, no Norte do Paraná, para apurar irregularidades no concurso público realizado em 2006 para técnico legislativo e analista de informática sugeriu a anulação do processo, alegando supostas "irregularidades" cometidas pela Cemat, empresa contratada para realizar a seleção e "indícios de favorecimento" a três aprovados.

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De acordo com o relatório apresentado ontem por Robson Luiz Ramos, que presidiu as investigações, a Comissão de Acompanhamento e Fiscalização da Câmara não teve acesso à correção das provas e houve falhas no acondicionamento dos cartões de resposta – eles não foram lacrados. Sobre as falhas no processo, o relatório afirma que há "prova inequívoca da existência de irregularidades".

O presidente da Câmara, Sidney de Souza (PTB), não quis comentar o assunto. O relatório foi encaminhado para Souza, que mandou o material para avaliação da Procuradoria Jurídica. Não há prazo definido para a manifestação do órgão. Ramos disse que a comissão não conseguiu apurar os motivos que levaram à ausência de acompanhamento da correção e dos envelopes com os cartões de resposta não terem sido lacrados.

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As três pessoas contra as quais Ramos afirmou haver "indícios de favorecimento" que não seriam suficientes para "comprovar fraude", tinham ligações com vereadores. Bruno de Souza Barros foi estagiário no gabinete do ex-vereador Henrique Barros (sem partido), com quem ele negou parentesco. Alessandra Michelle Thomaz de Aquino é sobrinha do ex-vereador Orlando Bonilha (sem partido), que presidia a Câmara na época do concurso. De acordo com investigações feitas pelo Ministério Público, ela foi usada como "laranja" por Bonilha, num caso em que o ex-vereador é acusado de especular com terrenos de cemitérios.

E Nívea de Melo Piornedo, irmã de Márcio Melo Piornedo, aliado de Bonilha, indicado pelo ex-vereador para ocupar cargos na administração municipal e co-réu com ele numa ação na qual o MP os acusa de ficar com parte dos salários das pessoas indicadas para cargos comissionados.

Empresa

A reportagem do JL procurou ontem a Cemat Assessoria Jurídica e Jurídica e Administrativa Ltda às 17h30, por telefone. A ligação foi atendida por um homem que se identificou como Jurandir e disse ser segurança da empresa. Ele afirmou que o expediente vai até as 17 horas e que não tinha mais ninguém no escritório naquele momento.

Aprovados

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Nívea de Melo Piornedo também foi procurada pelo telefone. A reportagem deixou recado na secretária eletrônica, mas não obteve retorno até as 19 horas de ontem. O JL procurou Alessandra Michelle Thomaz de Aquino no telefone da casa da sua mãe. Deixou recado, mas não obteve retorno até as 19 horas. Bruno de Souza Barros não foi localizado. Em agosto, no começo das investigações, em entrevista gravada pelo JL, ele negou parentesco com o ex-vereador Henrique Barros, do qual foi estagiário no gabinete. Ele também negou favorecimento no concurso.