A diretora do Sindicato dos Policiais Civis (Sinpol), Cheila Masioli, afirmou nesta quarta-feira que é comum presos serem transportados sem escolta. Revoltada com a morte dos policiais Fernando Guilherme Medeiros Queiroz e Luiz Hermes Ferraz Dantas, executados na terça-feira quando levavam criminosos para o Fórum da Ilha do Governador, ela disse ainda que as armas dos policias falham com freqüência durante um tiroteio, assim como aconteceu na ação de bandidos que tentavam resgatar comparsas. Apenas os dois policiais assassinados faziam o transporte de sete criminosos. Um dos presos, Marcélio de Souza Andrade, de 29 anos, era chefe do tráfico de drogas no morro do Juramento. Ele e um outro traficante também foram mortos.
- Os policiais estão sendo enviados para a morte. Existe diferença entre transporte de presos e escolta. Quando eles voltam para casa é por pura sorte. Na verdade, sempre se conta com a falta de organização dos criminosos, mas, se os bandidos pensassem um pouco mais nas investidas, seria fácil resgatar os presos - disse.
De acordo com Masioli, a escolta só acontece quando o bandido é conhecido pela imprensa.
- Infelizmente, é preciso acontecer uma desgraça para que seja tomada uma atitude. A polícia está sucateada. Isso não é uma crítica ao governo atual, porque este abandono já vem de muito tempo - avaliou Masioli.
Um policial civil, que pediu para ter o seu nome preservado, contou que o número de pessoas na escolta varia de acordo com a periculosidade dos bandidos transportados. Mas, segundo ele, isso só ocorre quando a imprensa está acompanhando.
- Se não tem ninguém para levar os presos das delegacias para os fóruns, imagina para escoltar. Ficamos muito expostos e temos sempre a sensação de que podemos morrer a qualquer momento - concluiu.
Segundo dados do Sinpol, atualmente há na Polícia Civil 10 mil homens. Uma lei estadual de 1983 prevê que este número não seja inferior a 24 mil policiais.
Sobre o episódio de terça o secretário de Segurança Pública, Marcelo Itagiba, determinou abertura de sindicância para apurar por que apenas dois policiais foram escalados para levar sete presos ao Fórum da Ilha.
- Não se justifica o emprego de apenas dois policiais, já que a Polícia Civil dispõe de um veículo blindado na Coordenadoria de Recursos Especiais, que precisa ser requisitado para prestar apoio a essas missões, garantindo a segurança dos policiais empregados na escolta e impedindo qualquer tentativa criminosa de resgate de presos - explicou Itagiba.
Itagiba disse também que o efetivo da Polícia Militar está à disposição para reforçar as escoltas todas as vezes que, na avaliação dos responsáveis pela remoção dos presos, houver necessidade de maior segurança.
O chefe da Polícia Civil, delegado Álvaro Lins, disse que o trabalho de investigação será prejudicado, em medida emergencial, para que os policias que exercem a função escoltem presos. O delegado contou que todos os dias cerca de 350 presos são transportados e que não há efetivo suficiente para escoltar todos eles.
- Já pedimos carros com as cabines blindadas, mas as verbas para a aquisição dos veículos ainda não foram liberadas - disse.
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