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"O sucesso das parcerias com o Paraná tornou o estado uma referência."

Do presidente da Assembléia Plenária do Conselho Regional de Rhône-Alpes (França), Jean-Jack Queryranne, dirigindo-se ao governador Roberto Requião, ontem, e apresentando-o como um exemplo de bom relacionamento diplomático.

"O que é bom a gente mostra; o que é ruim, esconde." A frase foi dita pelo ex-ministro da Fazenda Rubens Ricúpero e virou sinônimo de falta de escrúpulos. Por causa dela, acabou sendo defenestrado do ministério do presidente Itamar Franco.

A Agência Estadual de Notícias parece estar sofrendo da "síndrome de Ricúpero", pois gosta de divulgar dados de aparência favorável e de esconder outros, considerados inconvenientes para os propósitos da propaganda oficial.

Ontem registrou-se mais um caso exemplar. A Agência divulgou que a produção de carnes do Paraná vai muito bem. Para provar esta tese, o release do governo informa que, em valor, a produção pecuária paranaense já supera o valor da produção de grãos e de outras culturas. Com isso, quis fazer parecer que a lambança das autoridades estaduais, que denunciaram um falso surto de febre aftosa no rebanho bovino – ao contrário do que dizem os pecuaristas e industriais – não chegou a causar prejuízos ao setor. "Eles deixaram de ganhar, não é prejuízo. Perderam mercados na Rússia e na União Européia, mas conseguiram Hong Kong, Cingapura, Líbano e Peru", raciocina tortuosamente um técnico citado na matéria.

Tudo soa tão falso quanto a própria febre aftosa. A verdade é que:

• O valor da produção pecuária caiu e o fato de ter se igualado ao da produção de grãos só se deu porque, neste setor, a queda foi ainda maior.

• O Paraná ainda não consegue vender carne além de suas divisas. Nem mesmo para Santa Catarina. Os embargos da Rússia e União Européia permanecem e não são compensados pelos pouco expressivos que se abriram.

Ricúpero esconderia os seguintes números do prejuízo: o faturamento da pecuária caiu 19,5% (US$ 202 milhões), sem contar a perda na indústria e o corte de empregos.

Melhor que o soneto

Apesar da passividade com que se comportou o governo paranaense, que não se moveu para reivindicar recursos no Orçamento da União para 2007, o estado ainda conseguiu emplacar emendas que somam R$ 813 milhões.

O balanço foi fechado ontem, dia seguinte ao encerramento do prazo para as propostas na Comissão de Orçamento. O valor ainda precisa se referendado pelo plenário do Congresso, mas pela primeira vez se notou um importante avanço qualitativo dos projetos para os quais o estado pretende verbas federais.

O empenho nesse sentido foi desenvolvido pela bancada (que nenhuma vez foi chamada a discutir o assunto com o governo estadual), a partir de uma pauta proposta por um grupo de entidades civis (o Pró-Paraná e o Grupo de Ações Federativas).

Constam do conjunto de reivindicações as rodovias Transbrasiliana e Boiadeira, o contorno ferroviário de Curitiba e a conclusão do trecho paranaense da BR-116 entre Curitiba e São Paulo. As emendas também destinam recursos para projetos de inclusão social e de saúde, como o apoio à recuperação de hospitais filantrópicos, agricultura familiar e universidades estaduais.

Se depender do (também paranaense) ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, o estado poderá ser beneficiado com outras obras. Ele próprio incluiu na proposta de Orçamento encaminhada ao Congresso verbas para a duplicação da pista do Contorno Sul de Curitiba na região da CIC e para o início das obras do Contorno Ferroviário de Curitiba. O governo do estado apenas assistiu.

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