Sérgio Moraes na berlinda: pelo menos cinco integrantes do conselho ameaçam deixar o órgão caso o deputado federal gaúcho seja mantido na relatoria| Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr

Depois de dizer que se "lixa" para a opinião pública, o deputado Sérgio Moraes (PTB-RS) indicou que também não dá importância para a pressão de outros parlamentares. Ontem, ao ser informado que seria destituído da relatoria do processo contra Edmar Moreira (sem partido-MG), no Conselho de Ética, o parlamentar gaúcho disse que não sai.

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Mais tarde, pressionado pelos colegas, o presidente do conselho, José Carlos Araújo (PR-BA) afirmou que a situação de Sérgio Moraes (PTB-RS), relator do processo contra Edmar é "insustentável’’. Com isso, a substituição do deputado gaúcho deve ser formalizada em reunião marcada para a próxima terça-feira.

O DEM, antigo partido de Edmar, e o PSol, autor de uma representação contra o deputado, cobraram ontem publicamente a saída de Moraes. Eles entendem que o relator fez um julgamento antecipado ao deixar claro que não vê motivos para condenar Edmar, conhecido por ser dono de castelo avaliado em cerca de R$ 25 milhões.

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"Não tenho alternativa a não ser destitui-lo’’, disse Araújo. A expectativa é que o presidente passe o posto para Hugo Leal (PSC-RJ) ou Ruy Pauletti (PSDB-RS), que fazem parte da comissão de sindicância do conselho que analisa o caso.

Moraes acusou os conselheiros e a imprensa de promoverem um "acordão" para isolá-lo.

"Não pedi para ser relator e não vou pedir para sair. Eu não saio. Vou fazer meu relatório. Quem quiser vote contra ou faça um relatório alternativo, como prevê o regulamento. Vão me substituir porque a imprensa queria uma versão e eu dei outra? Não vou aceitar. Querem fazer um grande acordão. A imprensa vai permitir isso? É uma vergonha", reagiu Sérgio Moraes, em entrevista por telefone.

"Não vou sair. Não me troquei por belas notícias nos jornais e belas imagens na televisão. Trabalho com a minha convicção. Se tivesse jogado o Edmar na fogueira, tenho certeza de que nada disso teria ocorrido. Agora, só porque eu disse que não vi irregularidade no fato de ele ter o castelo há mais de 20 anos, ou seja, antes de ele chegar ao Congresso, não estou agradando e querem me tirar", afirmou.

Corregedoria

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O corregedor da Câmara, deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (DEM-BA), também defendeu o afastamento de Moraes. Responsável por coordenar as investigações contra Moreira na Corregedoria, ACM Neto disse que o relator não pode sinalizar que vai arquivar o caso sem ao menos investigá-lo.

"Das duas uma: ou o deputado não leu a representação que foi encaminhada pela Corregedoria ou fez um pré-julgamento absolutamente inconsistente", afirmou ACM Neto.

Moraes atacou o corregedor da Câmara."O tempo do coronel terminou há muitos anos", reagiu.

Segundo Moraes, os deputados do Conselho não queriam a relatoria do caso Edmar porque temiam ser criticados se concluíssem que o parlamentar processado não deveria perder o mandato. "Ninguém quis ser relator porque sabia que, se falasse a verdade, ia apanhar. Eu falei e estou apanhando", disse.

Pelo menos cinco integrantes do conselho ameaçam deixar o órgão caso Moraes seja mantido na relatoria.

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