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Já não há mais rebelião em unidades do sistema prisional de São Paulo. O último motim, na Cadeia Pública de São Carlos, no interior do estado, terminou por volta das 10h deste domingo. Os presos desistiram da rebelião depois da promessa de que alguns detentos seriam transferidos. O carcereiro mantido refém foi libertado. A cadeia ficou totalmente destruída.

Em um final de semana tenso em São Paulo, foram registradas oito rebeliões, com pelo menos 20 feridos, um detento morto e dezenas de reféns. Na sexta-feira, presos de três penitenciárias do interior se rebelaram , na primeira ação orquestrada após a onda de ataques ao estado ocorrida no mês de maio.

No sábado, enquanto a polícia controlava os três motins, detentos de outros cinco presídios se rebelavam: Parelheiros, na capital, São Bernardo do Campo, no ABC, Franco da Rocha, na Grande São Paulo, e Suzano e São Carlos, no interior.

Embora os funcionários das prisões revelassem que, até as 18h de ontem, os presos mantinham familiares e agentes penitenciários como reféns, a Secretaria de Administração Penitenciária afirmou que os motins iniciados eram um "movimento pacífico". Sua assessoria de imprensa negou que houvesse reféns ou "quebra-quebra" nos motins que começaram no sábado.

Em Parelheiros, a rebelião começou com as visitas de familiares. Seis agentes foram feitos reféns. Em Suzano, entre os 10 reféns estava o diretor do presídio, segundo a polícia. Em São Bernardo, parentes foram feitos reféns.

Segundo a advogada Libânia Catarina Fernandes Costa, da ONG Nova Ordem, ligada às famílias de presos, parentes dos detentos disseram que a motivação é o tratamento dos dois presídios de segurança máxima de Presidente Venceslau.

- Os presos dizem que há cacos de vidro na comida, que as refeições são servidas com atraso e que os presos estão apanhando demais, além de o recebimento de sedex ser apenas a cada 15 dias - disse ela.

De acordo com Libânia, as rebeliões não estariam ligadas ao líder da facção criminosa, Willians Camacho, o Marcola, preso em Presidente Bernardes. Presidente do Sindicato dos Agentes de Segurança, Cícero Sarney dos Santos responsabilizou o governo do estado pelas rebeliões. Segundo Santos, os agentes penitenciários são "jogados à própria sorte".

- Os presos estão fazendo rebelião porque estão deixando eles fazerem. É muito relaxamento, são as concessões mais escabrosas possíveis. E o escudo estamos sendo nós - afirmou o sindicalista.

Nas rebeliões de sexta-feira, um detento foi morto supostamente por uma quadrilha rival no presídio de Itirapina. Vinte pessoas, entre presos e funcionários, ficaram feridos. Em Araraquara e Mirandópolis, os motins só foram controlados no sábado pela manhã. Foram feitos e libertados 16 reféns.

No fim da tarde de sábado, uma rebelião na Febem Tatuapé, na zona leste de São Paulo, também foi controlada. Quatro agentes mantidos reféns foram libertados. Quinze pessoas - entre internos e funcionários - ficaram feridas. Ao todo, 500 menores participaram do motim, segundo a Secretaria de Segurança Pública.

Uma corda feita por um lençol foi utilizada por um menor para escalar o prédio e tentar fugir. Os adolescentes atearam fogo em materiais da Febem. Os presos escreveram em um pano um pedido de paz e de fim das opressões.

Em São Bernardo do Campo, no ABC, dois agentes penitenciários foram mantidos reféns. Mais de 300 parentes de presos estavam no complexo quando o motim começou. Os detentos dominaram os pavilhões e a polícia cercou os prédios. Um caminhão foi atravessado em frente à portaria principal.

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