Não é bem assim
Deputado nega uso de recursos não contabilizados
Ao contrário do que afirmou na terça-feira que todos os políticos utilizam caixa 2 nas campanhas , Jocelito Canto negou ontem que já tenha usado recursos não declarados em eleições anteriores. Ele disse que suas campanhas sempre foram humildes e que o caixa 2 é "coisa de quadrilha, de grandes políticos".
De acordo com o parlamentar, ele perdeu algumas eleições porque sempre fez "campanhas muito simples e não tinha recursos para nada". O petebista disse ainda que os deputados que criticaram as declarações "ficaram bravos porque devem estar usando (caixa 2)". "Falo o que eu penso, sem medo. Podem investigar as minhas prestações de contas, que não tem problema nenhum", afirmou. "Fiz esse desabafo porque estou vendo falsos moralistas querendo posar de bonzinho agora (diante das denúncias contra a Assembleia)."
Para Reni Pereira (PSB), entretanto, é Jocelito quem está tentando "pegar carona" nos últimos acontecimentos. "Todo mundo está numa situação difícil, então fica complicado tripudiar sobre os outros numa hora dessa. Nunca me coloquei melhor que nenhum deputado, mas essas afirmações dão a impressão de que todos estão numa vala comum", criticou. "O Jocelito falou demais e por quem não devia. Quem vai julgar os deputados é a população, nas urnas." (ELG)
As declarações do deputado estadual Jocelito Canto (PTB) sobre o uso de caixa 2 nas campanhas políticas podem levar a um processo de quebra de decoro parlamentar e, consequentemente, à cassação do mandato do petebista. A abertura de uma representação contra ele na Comissão de Ética da Casa, porém, depende da iniciativa de algum parlamentar. É o que afirma o advogado Everson Tobaruela, conselheiro da Ordem dos Advogados do Brasil de São Paulo (OAB-SP) e especialista em Direito Eleitoral. Já a contestação do mandato na Justiça dificilmente daria resultado, uma vez que, o prazo para questionamento judicial de casos suspeitos de caixa 2 é de apenas 15 dias após a diplomação dos candidatos eleitos. Apesar disso, a OAB-PR solicitou ontem ao Ministério Público Federal (MPF) que investigue as afirmações de Canto.
"Quem é que não tem caixa 2? Vamos ser sinceros", questionou o petebista, em discurso na tribuna do plenário, na última terça-feira. "O caixa 2 é invisível. Ganha eleição. É mais forte que os recursos oficiais recebidos." De acordo com Tobaruela, as declarações do parlamentar são uma grave incitação ao descumprimento da lei e caracterizam, portanto, quebra de decoro. "Ainda que ele tenha o direito de fazer uso da palavra na tribuna gozando de imunidade, não pode incitar à ilegalidade", avaliou o advogado. "Isso deveria ser apurado pelos pares do deputado. Até porque, uma representação por quebra de decoro poderia ser rápida e cassá-lo antes da disputa eleitoral."
Um processo judicial, por outro lado, não teria tempo hábil para ser julgado nos próximos meses, antes da eleição e do fim do atual mandato parlamentar, explica Tobaruela. Além disso, pelo texto da minirreforma eleitoral, aprovada em setembro do ano passado no Congresso, todo candidato eleito pode, a partir do 16.º dia da diplomação, confessar a prática de caixa 2 sem correr riscos de ser punido pela Justiça Eleitoral. Para o advogado, é preciso que o Supremo Tribunal Federal (STF) reveja essa legislação, a fim de evitar que ilegalidades se tornem "legais" depois de 15 dias. "Pode uma pessoa que alega que fez caixa 2 e ganhou a eleição dessa forma, poder permanecer no mandato? Ou há que se discutir a moralidade pública e afastá-lo do poder?", questionou o advogado. "Espero que o STF aprecie isso e comece a afastar esse tipo de defesa baseada em um mero formalismo legal."
Já a OAB-PR cobrou providências do MPF e solicitou a apuração das informações de que o caixa 2 é prática comum entre os políticos paranaenses. "Trata-se de uma informação gravíssima, que precisa ser apurada com rigor", afirmou o presidente da entidade, José Lucio Glomb.
Por meio da assessoria de imprensa, o MPF informou que a solicitação será encaminhada à procuradora regional eleitoral, Adriana Mathias dos Santos, que é quem tomará as medidas que julgar necessárias sobre o caso.
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