Na mira
Confira as denúncias recentes contra o deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN):
Aluguel de carros
Segundo matéria da revista Veja, Alves tem usado R$ 8,3 mil de um total de R$ 32 mil da sua cota mensal para exercício da atividade parlamentar para alugar carros de uma empresa registrada em nome de uma "laranja", que teria por trás um ex-assessor do PMDB. A assessoria de imprensa do deputado nega as acusações e diz ter documentos que comprovam que a empresa existe e que os serviços foram executados.
Emendas
Cerca de R$ 600 mil em emendas parlamentares de Alves destinadas ao Rio Grande do Norte nos últimos anos teriam sido utilizados para financiar obras feitas por uma empresa que tem como sócio um assessor do gabinete do deputado, Aluizio Dutra de Almeida, de acordo com reportagem da Folha de S.Paulo. Segundo a assessoria de imprensa do deputado, ele apenas acompanha a indicação política dos recursos, mas não a execução, que depende de contratos feitos pelos municípios.
Recursos contra a seca
Outra reportagem da Folha de S.Paulo, publicada ontem, mostra que o Departamento Nacional de Obras Contra a Seca destinou pelo menos R$ 1,2 milhão para obras feitas pela mesma empresa. Alves foi o responsável pela indicação do atual diretor-geral do órgão, Emerson Fernandes Daniel Júnior, e pelo anterior, Elias Fernandes.
Enriquecimento ilícito
Reportagem publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo no domingo mostrou que Alves é investigado em uma ação de improbidade administrativa na qual é acusado pelo Ministério Público Federal (MPF) de enriquecimento ilícito. O MPF sustenta no processo que ele mantém ilegalmente milhões de dólares fora do país. Os autos correm em segredo de Justiça.
Alvo recente de uma série de denúncias sobre suposto mau uso de recursos públicos, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) começa hoje, no Rio Grande do Sul e no Paraná, uma caravana por 11 estados em campanha pela presidência da Câmara dos Deputados. O parlamentar será recebido pela bancada federal paranaense e pelo governador Beto Richa (PSDB), às 18 horas, no Palácio Iguaçu. A chapa do peemedebista tem como candidato a primeiro vice-presidente o londrinense André Vargas (PT).
Com 42 anos consecutivos de mandato, Alves é o favorito para a eleição, que vai ocorrer no dia 4 de fevereiro. Ele vai enfrentar Júlio Delgado (PSB-MG) e Rose de Freitas (PMDB-ES). Ambos os adversários conseguiram apenas apoios isolados entre os grandes partidos.
Nos últimos três dias, o peemedebista e um assessor de gabinete foram personagens de diferentes reportagens investigativas de três veículos de imprensa nacionais, a revista Veja e os jornais O Estado de S. Paulo e Folha de S.Paulo. As matérias tratam de supostos desvios no uso da cota de exercício da atividade parlamentar, de irregularidades na destinação de emendas orçamentárias para o Rio Grande do Norte e de uma ação em que ele é investigado por enriquecimento ilícito (leia mais no box ao lado). Alves nega qualquer envolvimento com as supostas irregularidades.
Um dos articuladores da reunião de hoje em Curitiba, o coordenador da bancada federal do Paraná, deputado Osmar Serraglio (PMDB), diz que as denúncias não devem abalar a candidatura. "Ele já está fazendo as costuras políticas há muito tempo e essas questões só estão aparecendo agora. Não vejo como os adversários possam se aproveitar disso", afirma Serraglio.
Além do apoio do Palácio do Planalto, Alves tem o aval da direção de pelo menos 12 legendas. A aliança inclui as quatro maiores bancadas partidárias da Casa, do PT, PMDB, PSD e PSDB, que juntas somam 262 de um total de 513 cadeiras. "Formamos um acordo que respeita plenamente a proporcionalidade dos partidos na Câmara, por isso o diálogo foi fácil", diz André Vargas, que venceu uma disputa interna no PT pela vice-presidência e não deve enfrentar adversários na eleição.
A Mesa Diretora, responsável pelas principais decisões da Câmara, é composta por sete cargos, usualmente divididos entre as sete maiores bancadas. Por tradição, o partido com mais cadeiras costuma ficar com a presidência, mas qualquer parlamentar de qualquer partido pode apresentar uma candidatura avulsa ao posto. Desde 2007, PT e PMDB mantêm um acordo para se revezar no cargo, que tem um mandato de dois anos.
Sobre o teor político do encontro de dois aliados da presidente Dilma Rousseff (PT) com o tucano Beto Richa, o secretário do Escritório de Representação do Paraná em Brasília, Amauri Escudero, diz que é um sinal de "maturidade política". "É uma demonstração interessante de respeito entre os partidos", avalia Escudero.