Com o plenário tomado por servidores desde a tarde da última terça-feira, a Assembleia Legislativa do Paraná realizou a sessão de ontem no restaurante da Casa, de forma improvisada. Os deputados da base aliada reapresentaram requerimento para transformar hoje o plenário em comissão geral e aprovar, na base do "tratoraço", os dois projetos do governo com medidas impopulares ao funcionalismo.
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O principal argumento é que, se as propostas não forem aprovadas o quanto antes, a folha de fevereiro do funcionalismo estará em risco. Diante da recusa do Executivo em retirar os projetos, não há sinais de que os servidores deixarão a Assembleia por vontade própria, mesmo com uma decisão judicial para que eles desocupem a Casa.
Fortemente cercado por policiais da tropa de choque, o prédio administrativo, onde fica o restaurante de uso exclusivo dos deputados, só pôde ser acessado por profissionais da imprensa, para acompanhar a sessão que começou por volta das 15 horas. Mais cedo, no gabinete da presidência, a sessão interrompida com a invasão do plenário no dia anterior foi formalmente encerrada. Com isso, a comissão geral aprovada por 34 votos a 19 perdeu efeito, pois só valia para a votação das propostas na terça-feira.
Um dos únicos a fazer uso do microfone, o líder do governo, Luiz Claudio Romanelli (PMDB), repetiu por quase vinte minutos o discurso que havia feito no plenário, sob vaias, antes de os manifestantes invadirem a Casa. "Não somos uma ilha, o momento é grave no país inteiro. As medidas são duras, e temos de fazer o que é necessário."
Num pedido incisivo, o líder do PSDB, Francisco Bührer, solicitou a Romanelli que ele esclarecesse em definitivo os projetos do Executivo à imprensa e à população, porque os deputados sofrem uma pressão muito grande. "É preciso ficar claro que focinho de porco não é tomada", cobrou o tucano, sendo aplaudido por alguns colegas.
"Nenhum servidor vai perder R$ 1 com essas propostas. Quem disser o contrário estará faltando com a verdade", disse o líder do governo.
Na sessão convocada para hoje, novamente no restaurante da Assembleia, os deputados analisarão primeiro o requerimento de comissão geral. Se ele for aprovado, as propostas do governo serão discutidas em até quatro votações em sequência.
Boicote
Sem painel eletrônico e o mínimo de estrutura para abrigar 54 deputados, assessores, taquígrafos e jornalistas, o restaurante do Legislativo foi adaptado com cadeiras e poltronas e um cercadinho para a imprensa. Os parlamentares foram chamados nominalmente e iam respondendo "presente".
Por discordarem da forma como a situação está sendo conduzida, oito deputados os seis de oposição, mais Nelson Luersen (PDT) e Palozi (PSC) boicotaram a sessão. "A realização de sessão plenária em local que não seja o plenário, sem a participação popular, aumenta o impasse e potencializa a tensão entre o governo e trabalhadores. [O cenário] é resultado da falta de diálogo e intransigência do governo Beto Richa e da base aliada", afirmaram os ausentes, por meio de nota.
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