O assessor do Ministério da Previdência que recebeu dinheiro de uma empresa de fachada investigada pela Polícia Federal (PF) na operação Lava Jato pediu demissão ontem. A MO Consultoria, ligada ao doleiro Alberto Youssef, repassou R$ 20 mil a José Wilde de Oliveira Cabral em 31 de março de 2011. A quebra de sigilo autorizada pela Justiça indica que o dinheiro foi transferido para a conta do assessor do ministro Garibaldi Alves com a identificação "pagamento de fornecedores". Wilde negou qualquer irregularidade e disse que se afastou do cargo para se defender.
A confissão de que a empresa não tem atividade foi feita por um empregado do doleiro, Waldomiro de Oliveira, em nome de quem a MO Consultoria está registrada na Junta Comercial de São Paulo.
A MO Consultoria movimentou R$ 89,7 milhões entre 2009 e 2013. A polícia suspeita que a empresa era usada para repassar propina a funcionários públicos e políticos. Os contratos da suposta consultoria seriam uma forma de as empresas darem uma aparência legal a subornos, segundo suspeita da PF. Essa mesma empresa recebeu R$ 34,7 milhões de nove fornecedoras da Petrobras, que também é um dos alvos da investigação da PF.
Em nota, José Wilde afirma que nunca teve "qualquer relação profissional" com a MO. "Pelo valor divulgado do pagamento feito a mim, é razoável supor que se trata de remuneração por serviço de assessoria de imprensa que prestei em 2010, com pagamento efetuado no primeiro semestre de 2011", esclareceu, sem revelar para quem prestou assessoria alegando cláusula de confidencialidade.
O assessor diz ainda que prestou serviços lícitos e que não tinha obrigação de pesquisar a origem dos recursos que lhe foram repassados. Ele rechaçou qualquer relação com as empresas e pessoas investigadas pela PF. "Causa-me justa indignação qualquer insinuação da mais remota ligação minha com pessoas ou empresas envolvidas em negócios escusos, especialmente neste caso, em que prestei serviços lícitos", diz a nota. "Para que eu possa defender a minha honra longe de deveres funcionais, assinei, em caráter irrevogável, pedido de exoneração do cargo de Assessor Especial do Ministro, que exerço no Ministério da Previdência Social", diz a nota de José Wilde.
A operação Lava Jato indiciou 46 pessoas por suspeita de participarem de esquema que movimentou R$ 10 bilhões de forma suspeita.
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