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Consta no anedotário político brasileiro que sempre que o ex-governador de São Paulo, Adhemar de Barros, ouvia alguma reclamação de um de seus assessores, a resposta era a mesma: “Quem tem lombriga assustada não serve para andar ao meu lado”.

Normalmente as reclamações eram sobre denúncias e críticas veiculadas em jornais de circulação nacional.

Lembrei da frase de Adhemar de Barros lendo as notícias sobre a propalada reforma ministerial de Dilma Rousseff.

O tema envolve interesses muito específicos, de uma reduzida parcela da elite política no curto prazo, embora tenha possíveis impactos sobre parcela ampliada da elite política em 2016, a que irá disputar as eleições locais do próximo ano. Tirando isso, sobra pouco ou nada.

Se não, vejamos: o recente debate público, sustentado por números e análises, mostrou que o número de ministérios não é a causa do desequilíbrio nas contas públicas. Portanto, a redução em cerca de ¼ no número deles não resolve nada.

Além de a questão quantitativa ter pouco efeito, em termos qualitativos há total imobilismo. Trata-se de mudar nomes para manter ou fortalecer a participação de partidos que já fazem parte do governo.

O PMDB deve equiparar-se em número de ministérios com o PT, embora saia ganhando por ficar com os ministérios mais “ricos”.

Os demais partidos da base dividirão o que sobrar. Afinal de contas, contam menos no Congresso.

Em resumo, essa reforma ministerial (assim como todas desde Collor) terá impacto nulo para nós, que não fazemos parte da elite política.

Não há mudança na concepção dos ministérios, nem nas visões de mundo e de governo dos futuros ministros (ainda que não os conheçamos) em relação aos atuais.

O tema não é uma questão de Estado – excluindo possíveis mudanças prejudiciais à estrutura da CGU. Resume-se a uma questão de governo.

É uma reforma que tenta corrigir sucessivos erros políticos cometidos nos primeiros oito meses de governo.

Erros que começaram com a derrota acachapante do PT na disputa para a presidência da Câmara de Deputados.

No fundo, o tema só serve para testar a Ascaris lumbricóides (lombriga) dos convescotes do governo e dos comentaristas de jornais/blogs.

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