Entre os alvos da Operação Satélites, deflagrada nesta terça-feira (21) pela Polícia Federal, está o empresário Ricardo Lopes Augusto, sobrinho do presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE). Ricardo Lopes é administrador da Confederal, empresa que pertence ao congressista e na qual houve busca e apreensão de possíveis provas. A informação foi confirmada por um investigador. Lopes foi citado na delação do executivo da Odebrecht Cláudio Melo Filho como operador de propinas a Eunício.
O delator disse à Procuradoria-Geral da República (PGR) ter pago suborno a Eunício, em duas parcelas de R$ 1 milhão cada, entre outubro de 2013 de e janeiro de 2014. O valor seria contrapartida à aprovação da Medida Provisória 613, que tratava de incentivos tributários.
Veja o que diz a defesa do senador
Segundo o colaborador, o peemedebista enviou Lopes como “preposto”. Ao emissário, teria sido entregue uma senha e a indicação dos locais para o recebimento do dinheiro, em Brasília e São Paulo.
O sistema Drousys, que registra a contabilidade das propinas da empreiteira, apontou os dois supostos repasses de R$ 1 milhão ao senador, identificado pelo codinome “Índio”, naquele período: um em 24 de outubro de 2013 e outro em 27 de janeiro de 2014. A MP 613 foi aprovada no plenário do Senado em 29 de agosto daquele ano. Melo Filho sustenta em sua delação que Eunício obstruiu a votação, antes disso, para pressionar a Odebrecht por propina.
O senador também é citado em outra delação, fechada pelo ex-diretor da Hypermarcas Nelson Mello. Em depoimentos à PGR, ele contou ter pago, por meio de contratos fictícios, R$ 5 milhões em caixa 2 para a campanha do peemedebista ao Governo do Ceará, em 2014. Relatou também que a ajuda financeira foi solicitada por um sobrinho do congressista, de nome Ricardo.
Operação Satélite mira pessoas ligadas a Eunício, Renan e outros senadores
A Polícia Federal e a Procuradoria-Geral da República cumprem nesta terça-feira (21) mandados de buscas e apreensões de alvos em Pernambuco, Alagoas, Rio de Janeiro e Brasília na Operação Satélites, nova etapa da Lava Jato. O Supremo Tribunal Federal autorizou esta nova fase da Lava Jato.
Os alvos desta etapa não são políticos, mas pessoas ligadas aos senadores Renan Calheiros (PMDB-AL), Humberto Costa (PT-PE), Eunício Oliveira (PMDB-CE) e Valdir Raupp (PMDB-RO).
Estão sendo cumpridos 14 mandados em 13 endereços nas cidades de Brasília, Maceió, Recife, Rio de Janeiro e Salvador. O objetivo é investigar indícios dos crimes de corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro.
A PF cumpriu mandado na Confederal, empresa de vigilância e Transporte de Valores ligada a Eunício Oliveira.
Em Pernambuco, Mário Barbosa Beltrão, empresário ligado ao senador Humberto Costa, e Sofia Beltrão também são alvos. A reportagem não conseguiu contato com Ricardo Lopes Augusto.
Em nota, Eunício nega acusações e afirma ter “convicção que a verdade dos fatos prevalecerá”
Em nota divulgada nesta manhã, o advogado de Eunício disse que “o senador tem a convicção que a verdade dos fatos prevalecerá”, em relação a nova fase da Lava Jato. O texto assinado pelo criminalista Aristides Junqueira afirma ainda que o parlamentar “autorizou que fossem solicitadas doações, na forma da lei, à sua campanha ao governo do estado do Ceará”, em 2014.
O texto afirma ainda que a abertura de inquéritos contra o senador no Supremo Tribunal Federal para apurar “versões de delatores” é o caminho natural do rito processual.
A assessoria de Renan Calheiros informou que ninguém que trabalha com o senador em Brasília ou em Alagoas é alvo da operação desta terça-feira.
Humberto Costa também se manifestou por meio de sua assessoria. “Humberto Costa (PT-PE), esclarece que a Polícia Federal já solicitou o arquivamento do inquérito aberto no Supremo Tribunal Federal (STF) por não encontrar qualquer evidência de irregularidade ao longo de dois anos de extensa investigação. O senador está certo de que a ação de hoje vai corroborar a apuração realizada até agora, que aponta para o teor infundado da acusação e da inexistência de qualquer elemento que desabone a sua vida pública.”
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