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A vereadora Soninha, que trocou o PT pelo PPS e agora corre o risco de perder o mandato, disse ao portal de notícias G1 nesta terça-feira (9) que considera "natural" a decisão da Executiva Municipal do PT de entrar na Justiça para reaver a cadeira que ela ocupa na Câmara.

Pré-candidata a prefeita pelo partido ao qual acaba de se filiar, ela afirma que se sentia cada vez mais distante do PT, mas ainda se identifica com a ex-prefeita Marta Suplicy (PT).

Recém-chegada ao bloco governista da Câmara, Soninha declara que não vê problemas em apoiar - e também criticar - o atual prefeito Gilberto Kassab (DEM). Ela revela que ficou surpresa e mudou radicalmente de opinião sobre o ex-prefeito e atual governador José Serra (PSDB).

Disputa da cadeira

Soninha compreende a decisão da Executiva do PT de tentar reaver a cadeira que ela ocupa e que, de acordo com a nova regra do Supremo Tribunal Federal (STF),pertence ao partido.

"Eu entendo essa decisão. O partido quer manter o número de cadeiras que tinha e eu vou exercer o direito que o Supremo me garantiu, que é de justificar as razões pelas quais eu mudei de partido."

Ela disse que se o PT não tivesse tomado a decisão, provavelmente a iniciativa seria adotada pelo primeiro suplente, Rubens Calvo. ""Por coincidência, ele teve até um processo judicial para assumir o mandato aqui esse ano. Foi um processo bem esquisito e até um dos motivos para cada vez mais eu me sentir afastada do PT.

Contradição zero

Para Soninha, que sempre foi defensora da fidelidade partidária, não existe nenhuma contradição em mudar de partido, desde que isso ocorra por diferenças de pensamento e que a intenção não seja a de vender o mandato.

"Acho que a gente não pode esquecer que o motivo da fidelidade partidária é que os partidos tenham identidade, coerência, consistência. Ninguém achou que o (Fernando) Gabeira estava saindo do PT para obter alguma vantagem pessoal. Quando a Heloísa Helena saiu do PT para fundar o PSOL, ninguém achou que ele estivesse buscando um abrigo onde pudesse obter mais vantagens."

Marta

Soninha afirma que será candidata a prefeita de São Paulo e admite a possibilidade de disputar eleitores com a ex-prefeita Marta Suplicy (PT), que ela apoiou e com quem ainda se identifica. A ex-prefeita ainda não declarou sua candidatura.

"A Marta se destacou muito quando era deputada federal por abraçar algumas causas polêmicas, temas de comportamento que são superdelicados, dos quais os políticos fogem porque geram muita rejeição", afirmou.

A vereadora disse que, numa eventual campanha, não pretende rivalizar, nem com Marta. "Até outro dia eu elogiava obras da Marta e não vou deixar de elogiar agora porque nós podemos ser adversárias. Aliás acho que esse é um ponto superinteressante da minha candidatura. É não entrar para polarizar com ninguém."

Kassab

Agora integrada à base governista do prefeito Gilberto Kassab, Soninha afirma que continua livre para criticar o governo. "Assim como quando era do PT eu não tinha problemas em fazer críticas ao governo Lula, no PPS, que tem participação na administração municipal, continuo exatamente na mesma. Não tenho problema nenhum em fazer críticas ao governo. Tanto quanto eu na oposição não tinha problema nenhum em reconhecer qualidades no governo. Isso é uma coisa que eu faço questão. Isso é um dos motivos que me fizeram pensar que eu nunca poderia participar de partido nenhum. Os partidos não costumam aceitar bem essa idéia. O PPS me ofereceu exatamente isso. Eles disseram: a gente gosta disso."

Serra

A vereadora afirma que sua aproximação com o hoje governador José Serra não é de hoje: aconteceu há dois anos, quando ele assumiu a Prefeitura de São Paulo e ela estreava como vereadora.

"Fiquei muito surpreendida pelo modo como ele foi capaz de voltar atrás, ceder e concordar com argumentos meus. Sabe aquilo que a gente sempre cobra de um político, que é a tal de postura republicana? A imagem que eu fazia do Serra era completamente o oposto disso, de que era um cara inflexível, fechado em suas próprias reflexões, que agia só da própria cabeça e não dava ouvidos a ninguém. E aí logo nos dois três primeiros meses de mandato ele voltou atrás em algumas decisões dele como prefeito convencido por argumentos meus. Eu perdi vários desses embates. Mas ele deu a oportunidade da discussão."

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