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 | Rodolfo Buhrer /arquivo/ Gazeta do Povo
| Foto: Rodolfo Buhrer /arquivo/ Gazeta do Povo

A nomeação de Reinhold Stephanes (PSD) para a Casa Civil do governo Beto Richa (PSDB) abriu espaço para a volta de Marcelo Almeida (PMDB) para a Câmara dos Deputados. Ex-diretor do Detran-PR, criador do programa de incentivo à leitura Conversa entre Amigos e herdeiro do grupo CR Almeida, ele promete ser um parlamentar diferente.

"Não vou ficar no rame-rame das emendas parlamentares. Não serei um deputado medíocre", diz.

Aos 46 anos, Almeida, que exerceu mandato na legislatura passada, também é uma voz contrária à aproximação do PMDB a Richa. "Eu sou do PT do casal", afirma, se referindo à ligação com os ministros Gleisi Hoffmann (Casa Civil) e Paulo Bernardo (Comunicações). Sobre 2014, no entanto, defende que os peemedebistas voltem a pensar na candidatura do ex-governador Roberto Requião.

As últimas mudanças no cenário político do Paraná parecem ter dividido o PMDB entre aliados do PSDB de Beto Richa ou do PT de Gleisi Hoffmann. De que lado o sr. está?

Eu sou do PT do casal, da Gleisi [Hoffmann], do Paulo [Bernardo]. E também da presidente Dilma Rousseff. Eu sou da linha do PMDB nacional, do vice-presidente Michel Temer. No estado, eu perdi junto com o [Roberto] Requião a disputa pelo comando do partido há uns 30 dias.

Então a alteração que colocou o deputado Reinhold Stephanes na Casa Civil estadual não teve intenção de beneficiá-lo ou aproximá-lo do PSDB?

Não. Foi apenas uma coincidência. A única conversa que eu tive sobre o assunto foi com o Stephanes quando ele falou que deveria assumir uma secretaria.

Dá para prever qual será o posicionamento do PMDB estadual em 2014 com tanta antecedência?

Eu acho que não. Par­ticularmente, ainda tenho um fio de esperança de que o Requião possa dar a volta por cima.

Ou seja, o partido pode ter candidatura própria?

Sim. Se aumentar um pouco a fissura do PMDB com o governo do estado, acho que a chance é enorme. Principalmente por causa da aliança nacional entre o PT e o PMDB.

E o sr. defende a candidatura de Requião?

Sim.

Qual foi a sua participação na candidatura de Ratinho Jr. (PSC) para prefeito de Curitiba?

Minha visão é de que precisamos ter gente diferente disputando os principais cargos públicos. De um outro perfil, já que mais da metade da nossa população nasceu fora daqui. Será que não dá para começar a tirar o preconceito de alguns candidatos? Apoiei o Ratinho porque ele era uma nova esperança, uma nova maneira de enxergar Curitiba. Acho que a votação dele foi um recado enorme.

Mas ele se consolidou como essa nova esperança?

A consolidação poderia ser mais forte se ele continuasse em Brasília, se de fato ele fosse essa terceira via no Paraná.

Decepciona o fato de ele assumir a Se­cre­ta­ria Estadual de De­­sen­­volvimento Urbano?

Acho que é preciso entender o lado pessoal do Ratinho. Ele é um moço de 30 e poucos anos, fez quase 400 mil votos para deputado federal, tem duas filhas e acabou de ter mais um filho. Tem dois aspectos que eu entendo. O primeiro é voltar a morar em Curitiba e não ficar indo semanalmente para Brasília. Em segundo lugar, ele não quer sair mais candidato a deputado federal porque vai precisar trabalhar demais para fazer mais votos do que na eleição anterior. Ele não quer passar de maneira alguma para os eleitores dele que ele está num declínio. Acho que ele está correto. Agora, a decisão de escolher ficar na base da presidente Dilma, continuar neutro ou aderir ou não ao governo do estado é uma escolha muito pessoal.

Como vai ser a sua volta ao mandato como deputado federal?

Eu me sinto muito orgulhoso porque eu gostava muito do que eu fazia. Gostei de ser candidato e gostei de ser eleito. Eu saí de lá [em 2011] com gosto de despedida eterna, achei que não voltaria mais para o Congresso Nacional. Agora eu me reinventei, mudei muito nesses últimos dois anos. Percebi que meu mundo é o mundo público, é o mundo político. Não vou ficar no rame-rame das emendas parlamentares. Não serei um deputado medíocre. Vou tentar fazer em seis meses o que não fiz em quatro anos. Vou tentar fazer com que tudo o que eu aprendi na vida, com as minhas leituras, com tanta gente boa que tive oportunidade de conviver, seja colocado em prática.

Como o sr. vê o atual momento do Congresso?

A percepção que eu tenho é de que será um ano de colheita, não de se plantar. Acho que esses últimos dois anos não foram muito espetaculares para o Congresso Nacional. Poderíamos ter novas lideranças no Senado e na Câmara, mas no fundo eles representam o poder. Para o baixo clero é uma maravilha ter o Henrique Alves e o Renan Calheiros no poder. Porque eu acho que eles veem por uma visão que eu já tive, e hoje felizmente não tenho mais, de que o importante é a execução das emendas. É algo que desfoca 100% a visão que os deputados deveriam ter.

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