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O deputado Osmar Serraglio aposta em uma estratégia de campanha oposta à do colega de partido Michel Temer. Enquanto o rival favorito costura apoios entre os líderes dos principais partidos e se esforça para manter o respaldo do presidente Lula, o representante paranaense apela para o corpo a corpo "virtual". Há duas semanas ele faz 50 telefonemas diários e manda cartas aos deputados-eleitores.

A dificuldade dos contatos tem sido maior porque quase todos os parlamentares devem chegar a Brasília apenas no próximo domingo, véspera da eleição do dia 2 de fevereiro. No geral, a estrutura de Serraglio é modesta – o próprio deputado cuida da organização de tudo com outros dois assessores.

Até agora, nenhum deputado se dispôs a integrar a equipe de campanha de Serraglio. "Sou o candidato das catacumbas, daqueles que são contra a maneira como a Câmara é conduzida, mas que não podem aparecer", justifica.

Temer, por outro lado, conta com emissários que fazem boa parte dos contatos individuais em nome dele. Entre os vários coordenadores da campanha do presidente do PMDB está o paranaense Rodrigo Rocha Loures. Ele tem viajado quase todas as semanas de janeiro a Brasília para negociar apoios a Temer.

"Tenho consideração pelo Serraglio, mas acho que ele deveria primeiro ter disputado a candidatura dentro do PMDB para se viabilizar. A candidatura do Temer foi abraçada pelo partido porque ele cumpriu todas as etapas para ser o escolhido", diz Rocha Loures, que prevê uma disputa acirrada.

Serraglio se apoia em três aspectos para tentar surpreender. O primeiro é a boa imagem com os colegas, conquistada nos tempos de relator da CPI dos Correios (2005). O segundo é a suposta antipatia do "baixo clero" a Temer, que seria pouco aberto ao diálogo com os parlamentares menos poderosos. Por último, Serraglio pode se beneficiar com uma possível reviravolta provocada pelo lançamento da candidatura de José Sarney (PMDB) como candidato ao Senado. Em 2007, PMDB e PT fizeram um acordo para se revezar no comando das duas casas legislativas. Neste ano, os petistas elegeram o presidente da Câmara e os peemedebistas o do Senado – ordem que deveria ser alterada em 2009.

Como uma forma de buscar ânimo, Serraglio também recorre ao passado. Hoje ele ocupa a primeira-secretaria da Câmara, o segundo cargo mais importante da Casa, graças a uma candidatura que também contrariava o partido em 2007.

Na época, ele foi para o segundo turno contra o companheiro de partido Wilson Santiago, da Paraíba. Venceu por 249 votos contra 180. "Acho que minha candidatura é ainda mais forte dessa vez. Há uma onda de mudança que pode me levar à vitória", opina.

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