Veja o vídeo dos ex-candidatos recebendo dinheiro das mãos de Alexandre Gardolinski, coordenador do comitê pró-Beto
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O prefeito de Curitiba, Beto Richa (PSDB), voltou a se defender ontem das denúncias de irregularidades na campanha eleitoral de 2008 e partiu para o contra-ataque. "Sou vítima do meu sucesso", disse, em entrevista à rádio Band News, sugerindo que há interesse de adversários em desestabilizá-lo. Ele afirmou ainda que acredita no envolvimento do governo estadual com o vazamento do vídeo filmado no Comitê Lealdade, que mostra dissidentes do PRTB recebendo dinheiro durante o período eleitoral.
Richa ainda tentou desqualificar o denunciante do esquema, o ex-servidor municipal Rodrigo Oriente, que trabalhou no comitê de dissidentes do PRTB. E disse que não acredita na participação do senador Alvaro Dias (PSDB) no caso.
O prefeito falou durante uma hora à Band News. A reportagem da Gazeta do Povo havia tentado entrevistar o prefeito várias vezes, desde que as denpuncias vieram à tona. Todos os pedidos de entrevista foram negados. O tucano, na entrevista à rádio, criticou a cobertura que a Gazeta vem fazendo. Segundo ele, todas as denúncias são fruto de um "complô e de uma armação política".
Richa ressaltou, por diversas vezes, que o PRTB era da base governista, e que por isso as denúncias de que teria havido compra de apoio político não fazem sentido. Ele citou a polêmica em torno da convenção do PRTB a direção estadual defendia a coligação com o então candidato à prefeitura Fabio Camargo (PTB). Mas, segundo Richa, a maioria dos candidatos a vereador não aceitou e por isso se desfiliaram e desistiram de concorrer.
O prefeitou disse que a Polícia Federal reconheceu que a ata da convenção do PRTB na qual foi decidido o apoio a Camargo teria sido falsificada. "Você acha que algum candidato deixaria sua candidatura por apenas R$ 1,6 mil? Não tem cabimento", declarou, em referência aos valores que foram pagos aos dissidentes que aparecem no vídeo do Comitê Lealdade.
Richa ainda fez um comentário em tom de desdém sobre a suspeita de ter havido caixa 2 a prestação de contas do prefeito no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) não contém registros de pagamentos ao Comitê Lealdade. "Em uma campanha que registrou R$ 6,8 milhões de receita, faz sentido sugerir que haveria um caixa 2 de R$ 100 mil ou R$ 40 mil?", questionou.
Das quase 30 pessoas que foram filmadas no escritório formado por dissidentes do PRTB, apenas dois constam na prestação de contas da campanha tucana. O coordenador do Comitê Lealdade, Alexandre Gardolinski, responsável pelos pagamentos aos ex-filiados do PRTB e responsável pela filmagem do vídeo, não consta na prestação de contas. Por outro lado, há o registro do pagamento, pelo PSDB, do aluguel da casa onde funcionava o escritório do comitê, no valor de R$ 1,5 mil.
O tucano, durante a entrevista de ontem, ressaltou que a prestação de contas da campanha de 2008 foi "tão criteriosa que tem 16 mil páginas" e desafiou os outros candidatos a prefeito a apresentarem documentação "tão detalhada" quanto a dele. Na verdade, a prestação de contas que está arquivada no TRE tem 2.698 páginas, de acordo com informações da 1ª Zona Eleitoral. O volume de 16 mil páginas ao qual Richa se referiu é o registro de todas as notas fiscais acumuladas ao longo da campanha. Essa papelada foi analisada pela Procuradoria Eleitoral no ano passado e devolvida aos coordenadores da campanha de Richa.
São esses coordenadores que estão analisando, segundo o prefeito, toda a documentação, para verificar como se deu o pagamento ao Comitê Lealdade fato que ainda está sem resposta. "Tínhamos cerca de 16 comitês e todos precisavam de recursos, seja para limpeza, manutenção, ou material de propaganda", disse. "Todos os comitês eram abastecidos de uma única conta, a conta da campanha", acrescentou.
"Ficha corrida"
Richa disse que recebeu nesta semana a "ficha corrida" de Rodrigo Oriente, pivô do escândalo. Oriente foi quem apresentou a denúncia na Procuradoria Regional Eleitoral do Paraná do suposto esquema de compra de apoio e caixa 2. Segundo Richa, a ficha dele é "bastante obscura e há acusações pesadas". Mas o prefeito disse preferir não comentar esse caso, que estaria "na Justiça".
O prefeito não explicou, no entanto, por que a prefeitura o contratou se ele tinha tal "ficha corrida". Reportagem da Gazeta do Povo publicada na sexta-feira passada revelou que Oriente foi funcionário fantasma da administração municipal durante quase um ano. Ele foi contratado exatamente no mesmo período em que Gardolinski se demitiu da prefeitura para se dedicar à campanha ele retornou à prefeitura no ano passado e foi exonerado no último dia 19, após vir à tona a existência do vídeo. Oriente alega que repassava os salários que recebia para Gardolinski. Segundo o prefeito, Oriente deverá ser acionado judicialmente para devolver os recursos recebidos indevidamente. Richa ainda defendeu Gardolinski, afirmando acreditar que ele teria sido induzido ao erro por Oriente.
"Raposas"
O prefeito teceu muitas críticas ao que chamou de "velhas raposas políticas", que não teriam interesse na candidatura do tucano ao governo do estado. "Pertenço a um grupo político de pessoas sérias. Isso tem agredido e ofendido meus adversários, que fazem aquela prática política reprovável da escuta, do grampo, da prepotência, dos resultados negativos. Infelizmente isso aconteceu e eu estou sendo vítima do meu sucesso aqui em Curitiba."
Richa disse ainda que "não é difícil acreditar" que pessoas do governo estadual estejam ligadas ao vazamento do vídeo. "Eles não estão trabalhando em favor do estado e tem sobrado muito tempo para armações, muito tempo para denegrir a imagem das pessoa, muito tempo para a perseguição política." O prefeito ressaltou que o próprio Oriente, em audiência com o procurador-geral do município, Ivan Bonilha, e com o coordenador da campanha de 2008, Fernando Ghignone, disse que adversários políticos ofereceram "R$ 250 mil pelo vídeo".
E, embora Bonilha e Ghignone tenham insinuado na semana passada que Alvaro Dias também estaria por trás do vazamento do vídeo, Richa ontem disse que conversou com o senador e que tem dificuldades "para acreditar que ele esteja envolvido com toda essa armação."
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