Um dos principais líderes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), o economista João Pedro Stedile fez críticas à aliança do governo Dilma Rousseff com a senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), porta-voz dos ruralistas, e defendeu a reforma política para mudar as regras de financiamento de campanhas, em discurso no segundo dia do 6º Congresso Nacional do MST, em Brasília.

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"Não adianta ficar falando mal da Dilma. A Dilma pessoalmente é uma coisa, mas outra coisa é o governo Dilma. É um governo de composição e lá dentro tem os banqueiros, tem os empresários, tem a classe média, tem até a Kátia Abreu no governo da Dilma", afirmou Stedile na manhã de hoje.

E completou: "Mas tem também companheiros de esquerda e companheiros que defendem a reforma agrária que temos que valorizar, não podemos botar tudo no mesmo balaio. Mas é um governo de composição de forças antagônicas e num governo assim é difícil avançar".

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Stedile deu esse exemplo para defender que o MST se engaje na luta por uma reforma política e criticou o financiamento de campanhas pelo agronegócio. "Sem a democratização do Estado brasileiro, a reforma agrária continua bloqueada. Por isso temos que nos engajar na reforma política, na luta por uma assembleia constituinte para varrer esses picaretas que estão no Congresso [Nacional]. E por isso tem que mudar as regras do financiamento, que é a síntese da reforma política", discursou Stedile.

Outros líderes do movimento que discursaram também assumiram a defesa da reforma política como uma bandeira do MST para os próximos anos. Stedile afirmou que a "reforma agrária clássica já passou" e defendeu um novo modelo, que "não é apenas de distribuir terra", e que integre a produção agroecológica aos assentamentos do MST e o combate aos agrotóxicos.

Defendeu também que o movimento se una aos trabalhadores urbanos na luta pela reforma agrária. "Os camponeses só pesam 20% da população. Só vamos ter reforma agrária se a classe trabalhadora urbana lutar com a gente", disse.

Por último, incentivou a retomada das invasões de terras como principal força do MST. "Não pense que a burguesia vai se assustar com nosso congresso, ninguém bota na imprensa. A burguesia vai voltar a se assustar com nós quando voltarmos a fazer ocupação com mil famílias, com 2.000 famílias. A burguesia vai se assustar com nós quando nós ocuparmos a Monsanto, quando ocuparmos usina. Aí vão nos respeitar", afirmou Stedile.