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O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, deixará o cargo em março do ano que vem para disputar novo mandato na Câmara dos Deputados, disse ele em entrevista à Reuters nesta quarta-feira.

"Vou me candidatar", declarou Stephanes, deputado federal pelo PMDB do Paraná licenciado desde que assumiu o posto na Agricultura, e que buscará seu sétimo mandato.

Ele está à frente do ministério desde março de 2007 e tem sido um ferrenho defensor da chamada agricultura comercial, de larga escala, buscando negociações de dívidas junto às áreas econômicas do governo e promovendo programas de apoio à comercialização das safras em momentos de preços desfavoráveis.

Com sua postura, entrou em rota de colisão com o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, obrigando a intervenção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que pediu para que os dois mantivessem suas divergências fora da imprensa.

O ministro também buscou dar maior projeção política ao Ministério da Agricultura, participando de discussões importantes do governo como nos assuntos de clima, do novo código florestal e da reforma do setor de mineração, dando ênfase ao aumento da produção de fertilizantes no país.

Danos por chuvas

O ministro afirmou que as amplas chuvas no Sul do país prejudicaram as lavouras de soja e de arroz.

Ele estimou que aproximadamente 15 por cento das lavouras de arroz do centro-sul do Brasil foram afetadas pelo excesso de precipitações e disse que haverá perda de 5 a 10 por cento na safra da região.

Quanto à soja, segundo ele, será necessário realizar replantio de até 5 por cento da área de cultivo no Rio Grande do Sul pelo excesso de água nos campos.

Sobre o setor de açúcar e etanol, o ministro afirmou que pediu a colaboração dos usineiros para que o término da safra atual seja postergado ao máximo e para que o início da próxima seja antecipado, visando elevar a oferta de etanol no país e evitar aumentos de preços.

"Eles (os usineiros) têm uma obrigação, eles têm que colaborar, porque existe o cliente", disse Stephanes.

A safra de cana normalmente termina em meados deste mês, com início em abril, mas algumas usinas pretender manter a moagem ininterruptamente e outras pretendem iniciar o processamento já em fevereiro.

Stephanes disse também, pouco antes de lançar em Marabá (PA) um programa de monitoramento das fazendas de produção de gado no Norte, que o governo deverá conceder crédito subsidiado no próximo Plano Safra para agricultores que utilizam técnicas ambientalmente corretas, como o plantio direto.

Sobre o programa que está sendo lançado nesta quarta-feira, chamado Boi Guardião, o objetivo é conter a parcela de desmatamento na região causado pela pecuária. A primeira fase do projeto inclui o monitoramento de seis municípios paraenses, com rebanho que soma quase quatro milhões de cabeças.

O governo vai monitorar por imagens de satélite a área das fazendas. Quando verificar que houve avanço da propriedade para áreas desmatadas, vai bloquear a emissão de guias de comercialização do gado.

"Não tem nenhuma razão econômica para derrubar árvore para produzir boi", afirmou o ministro, criticando a expansão sobre matas.

O governo pretende que até o final do próximo ano os Estados do Pará, Mato Grosso e Rondônia já estejam sendo monitorados.

O governo brasileiro tem procurado responder a críticas de países consumidores sobre o avanço da produção agropecuária sobre regiões de mata, temendo barreiras no comércio internacional de commodities.

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