O deputado federal Reinhold Stephanes (PMDB), que nos últimos anos foi secretário de Estado de Planejamento, afirmou que está aguardando a possibilidade de se tornar ministro da Saúde neste novo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ele entraria na cota peemedebista. Stephanes já foi ministro da Previdência no governo de Ernesto Geisel; do Trabalho e da Previdência, na gestão de Fernando Collor de Mello, e da Previdência, no governo de Fernando Henrique Cardoso.
A reboque dessa iminente convocação, estão na expectativa e torcendo por Stephanes os suplentes de deputado federal pelo PMDB Marcelo Almeida e André Zacharov. Essa seria a única chance de um deles se tornar parlamentar, já que Stephanes garantiu que o cargo de secretário de governo não lhe interessa mais.
Como está a história de o senhor se tornar ministro da Saúde do governo Lula?Há uma possibilidade de eu ser ministro. Houve sondagens de pessoas influentes. Acham que sou a pessoa que pode pôr a saúde do país em ordem. Tenho experiência na área e sou respeitado em todo o Brasil. Fui o primeiro presidente do Instituto Nacional de Ciência Médica, antes de virar SUS, de 1974 a 1978. Enfim, existe perspectiva de eu ser ministro.
Caso o senhor não se torne ministro, seria secretário de Estado da Saúde, como também tem sido comentado?Não. Já, inclusive, avisei ao governador Roberto Requião que, se eu não for ministro, prefiro continuar na Câmara Federal, como deputado. Posso ser um articulador em prol do Paraná e ajudar muito o estado.
Outro ministério lhe interessaria, já que já foi ministro da Previdência?Não. Só o da Saúde, pois seria uma experiência interessante.
O que falta para o senhor ter a resposta?Primeiro é um problema partidário. E a decisão é do presidente da República. Segundo, não estão definidos os ministérios que vão ficar com o PMDB. Espera-se a pasta da Saúde porque era esse setor que estava com o PMDB anteriormente.
O senhor acha que terá logo essa resposta?Não acredito que antes de haver a decisão sobre quem será o presidente da Câmara Federal a situação se resolva. Primeiro haverá a resolução dessa questão. Depois a composição do ministério.
O senhor já foi ministro do Ernesto Geisel, do Fernando Collor de Mello e do Fernando Henrique Cardoso. O presidente Lula foi oposição a esses governos. Há quem diga que seria constrangedor para o presidente ter o senhor como ministro. O que o senhor pensa disso?Não sei a cabeça do Lula, como pensa a esse respeito. Mas sei que sempre fui respeitado por todos os cargos públicos pelos quais passei porque sempre trabalhei de forma profissional. É lógico que, mesmo sendo profissional de uma área, se deve ter a atividade política. Mas sou um técnico conceituado e faço questão de mostrar isso e agir de tal forma. E também, vejamos os exemplos do José Sarney e do Renan Calheiros. Trabalharam nos governos anteriores ao do Lula, eram oposição e hoje estão defendendo esta administração e são parceiros do presidente. Há uma frase do senador Aloísio Mercadante (PT), dita no Senado, que define muito bem isso: "O Stephanes foi o único sujeito que massacramos e que estava defendendo algo correto". As divergências técnicas ocorrem, mas ficam por aí.
O senhor falou em articular a favor do Paraná como deputado federal. Como seria essa atuação?Um exemplo é no caso do contrato do governo do Jaime Lerner com o Banestado, em 1998. O caso dos precatórios. O estado assumiria os precatórios, que venceriam 18 meses depois. E não pagou pela falta de recursos e pendências judicias. E talvez qualquer outro governo também não pagasse. Portanto, não estou fazendo uma crítica à gestão anterior no estado. Mas esse é um assunto que incomoda o governo. Com a venda do Banestado para o Itaú, estão cobrando e multando. E esse problema está no ponto, maduro para ser resolvido. Falta alguém que entenda e tenha bom trâmite nos diversos lados e vários setores.
Como o senhor avalia a posição do governador Roberto Requião de incluir na cota de gastos em saúde (12% exigidos pela Constituição) saneamento e verbas para o Hospital Militar?Esse assunto deve ser muito discutido e regulamentado por uma lei federal. O padrão nacional é contestado quando se fala desse assunto, tanto pelo Ministério da Saúde e o Ministério Público. Todos os estados da federação incluem saneamento e gastos militares como investimento em saúde. Isso pelo fato de não haver a regulamentação. Agora, saneamento é saúde, principalmente nas áreas pobres. Diminui as doenças. É saúde, assim como a água tratada. Mas tem de se discutir um possível aumento do porcentual, por exemplo. Considero que o Executivo tem de enviar uma mensagem regulamentando o assunto para o Legislativo, para que possa haver o debate. Se até hoje não fez, é porque sente dificuldade em relação ao tema.
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